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Acre é o segundo estado do país com a maior taxa de assassinatos entre crianças e adolescentes

Foto: Reprodução

Um estudo inédito do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e o Unicef divulgado nesta sexta-feira (22) coloca o Acre como o segundo estado do país com a maior taxa de assassinatos entre crianças e adolescentes. De acordo com o levantamento, em 2020, foram 69 mortes violentas entre crianças e adolescentes de 5 a 19 anos.


Deste total, 60 foram de jovens de 15 a 19 anos. O estado que apresentou a maior taxa de mortes violentas em 2020 foi o Ceará, com mais de 46 mortes por 100 mil habitantes de 10 a 19 anos, seguido por Acre (38,41), Pernambuco (36,16), Roraima (36,13), Sergipe (35,78) e Rio Grande do Norte (34,65).


Ainda neste levantamento, das 68 mortes registradas entre as idades de 10 a 19 anos, 14 foram em decorrência de ação policial, ou seja, 14% das mortes violentas nessa faixa etária.


Maria Cauane e Rebeca foram vítimas de ações violentas no Acre  — Foto: Arquivo pessoal

Maria Cauane e Rebeca foram vítimas de ações violentas no Acre — Foto: Arquivo pessoal


380 mortes em 5 anos

Em quatro anos, 2016 e 2020, foram registradas 380 mortes de crianças e adolescentes no estado, segundo o estudo.


Um dos casos mais de mais repercussão foi a morte da menina Maria Cauane da Silva, de 11 anos, morta durante operação da polícia em maio de 2018. Atualmente, a família lamenta a demora no andamento do processo e pede que caso não caia no esquecimento.


Ela morreu após ser atingida por um disparo de fuzil usado pela Polícia Militar do Acre (MP-AC) em uma ação policial no bairro Preventório, em Rio Branco.


Em novembro de 2019, 15 pessoas foram ouvidas na 1ª Vara do Tribunal do Júri. Outra audiência para concluir a oitiva das testemunhas estava prevista para ocorrer em março do ano passado, mas foi desmarcada devido a pandemia de Covid-19.


Outros dados

A taxa de homicídio de crianças e adolescentes entre 10 e 19 anos subiu 183,5% no Acre, passando de de 12,5 por 100 mil habitantes em 2009 para 35,4 em 2019


Durante esse período de 10 anos foram registradas 549 mortes de crianças e adolescentes no estado. Os dados são da pesquisa Homicídios na Infância e Adolescência no Brasil, levantados pela ONG Visão Mundial que foram divulgados também esta semana.


Em 2019, o Acre ficou em quarto lugar no ranking entre os estados com as maiores taxas de homicídio de crianças e adolescentes, com o registro de 35,4 por 100 mil habitantes. O estado ficou atrás apenas do Amapá (67,4), a Bahia (40,3), o Rio Grande do Norte (40,1).


Taxa de assassinatos de crianças e adolescentes por unidade da federação — Foto: Arte/g1

Taxa de assassinatos de crianças e adolescentes por unidade da federação — Foto: Arte/g1


Guerra de facções

O secretário de Segurança Pública do Acre, coronel Paulo Cesar, atribui esses altos números ao fato da atuação das facções criminosas no estado, que acabam cooptando jovens para a criminalidade, mas destacou que o poder público também tem tomado algumas medidas para mudar essa realidade.


“Há uma característica no Acre em relação às mortes derivadas de execução envolvendo integrantes do crime organizado, que é a juventude dos envolvidos. Em outros estados há maturidade maior de criminosos do que aqui no estado, onde a maioria dos envolvidos, quase a integralidade, é de adolescentes e jovens com menos de 20 anos. É uma característica local, mas também estamos registrando a queda desses números”, destaca.


O coronel destacou que em janeiro de 2019, o número de menores em conflito com a lei cumprindo medidas socioeducativas nos centros do estado era de 649, já atualmente essa população socioeducativa não 270, de acordo com o secretário.


“É uma redução de mais de 50%. E essa queda a gente percebe também nas mortes. O Estado, por outro lado, através do programa Acre pela Vida vem desenvolvendo ações. Nós elegemos regiões na capital, como Cidade do Povo e Belo Jardim, para implantarmos programas sociais para vincular os jovens em práticas desportivas e também de educação profissionalizante. Acreditamos que com essas práticas vamos minimizar esses números, mas realmente é uma população que requer uma atenção especial e nós estamos atingindo os resultados”, finaliza.


A guerra entre facções fez com que os acreanos assistissem nos últimos anos o aumento desenfreado da violência no estado. A disputa entre grupos criminosos explodiu no fim de 2015, quando foram registrados os primeiros ataques em Rio Branco. Desde então, o estado teve que tomar várias medidas para conter o avanço dos grupos criminosos.


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