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COMOVENTE: Funcionária terceirizada da limpeza infectada pelo Covid-19 no PS relata drama e momentos de descaso e descriminação

Uma funcionária de limpeza, que preferiu não se identificar, contaminada pelo novo coronavírus, relatou o descaso por porte da empresa que trabalha, a Red Pontes, e descriminação dentro do Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco (Huerb).


A mulher disse que se contaminou porque a empresa obriga as funcionárias da limpeza a trabalhar com duas máscaras apenas durante o dia e a noite, tendo em vista que o equipamento de proteção é descartável só pode usar no máximo duas horas. “A gente soa muito, é um trabalho pesado, não tem como a gente trabalhar com duas máscaras a noite todinha dentro do hospital”.


“A gente limpa a sala contaminada, eu limpava a sala onde fazia coleta dos exames, essa sala é para ser limpa com a máscara N95, gente não tem, não tem, por isso e eu peguei essa contaminação, por falta de EPI de trabalho, somente isso, por isso que eu peguei essa doença. Eu tô aqui na minha casa arriada (sic), o povo do governo já entrou em contato comigo, a empresa não tá nem aí por mim, eu peço um remédio para comprarem para mim e até hoje não me ajudaram, eu não tenho como comprar esse remédio”, relata.


“O pessoal do governo tem uma psicóloga que me ligou, agora a empresa não fez uma ligação para mim, foi preciso eu ficar ligando, me humilhando, para comprar o meu remédio e até agora não me retornaram nenhuma ligação. Se não foi que eu fiz pedido ajuda até agora não trouxeram uma dipirona para mim, o povo da empresa”, disse.


Ela relata que passou mal durante o trabalho no dia que descobriu a doença. ” Eu cheguei muito mal no PS, no dia 7, que era para eu estar de plantão, eu não aguentei trabalhar e eu fui atendida pelas meninas do acolhimento, onde faz uns exames e elas viram como eu tava mal. A dona Sandra me atendeu com todo amor, agora o pessoal da classificação falaram que o médico não ia me atender, porque se eu tivesse muito mal eu tinha que ir para UPA, desse jeito, eu não fui atendida por médicos no PS, só as meninas da sala que faz a coleta do material que me ajudaram, lá não tomei um remédio, não tomei nada”.


“No dia 8 fui para a UPA muito mal também, lá o médico me atendeu mandou fazer um exame, eu fiz outro exame e a moça acabou de me ligar aqui tinha dado positivo, ainda é desse jeito”, complementa.


Ela falou também como é o tratamento de alguns funcionários da saúde em relação as trabalhadores da limpeza. “Nós que trabalhamos na limpeza do PS somos olhados como um cachorro, um lixo tem mais valor do que nós”.


Relatou também como se humilharam por um atendimento na unidade que trabalham. “As minhas amigas da limpeza, ficaram se humilhando, entrando na observação, entrando na emergência, entrando um monte de lugar, atrás de um médico para me atender, nenhum quis me atender, nenhum nenhum.”


A funcionária também fez um alerta. “Com certeza elas [outras funcionárias] podem se contaminar e eu não vai dar muito tempo não, porque não tá tendo material suficiente para minhas amigas trabalharem, não tem! não tem! não tem! material para ninguém trabalhar e quer que a gente trabalhe a força, se não for tem que pegar falta, por falta de material, eu mesmo falei se não tivesse mais que eu não ia trabalhar, simplesmente que o supervisor falou, que se eu não quiser trabalhar com duas máscaras viesse para casa, mas eu ia pegar a falta, desse jeito ele falou para mim minhas amigas todas estão correndo o risco. Eu fiquei sabendo hoje, minha amiga ligou para mim, um amiga que trabalha no PS também, que teve uma menina que não quis ficar no quinto andar aonde tem gente contaminada por que não tem, não tem capacidade de ficar lá, por falta de material e lideram as contas da menina, porque a menina disse que não ia ficar porque não tinha como ela trabalhar.”


Ela deixou um conselho e um recado a empresa: “Eu peço é que a empresa tenha responsabilidade pelos funcionários, porque se a empresa tá de pé até hoje, é porque nós damos nosso melhor, porque se nós não dessemos o melhor, a empresa não existia”.


OUÇA O DEPOIMENTO DA PACIENTE:


A reportagem tentou entrar em contato com a empresa Red Pontes, pelo número 992**-**69, mas não obteve êxito. O espaço fica aberto para a empresa se manifestar.


A assessoria de comunicação da SESACRE foi questionada sobre os EPIs e disse que esses materiais são obrigatórios e fornecidos pela empresa contratada. Sobre o não atendimento da funcionária, eles não tinham conhecimento.


Nota da Secretaria Estadual de Saúde

NOTA PÚBLICA


A Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre) informa que as empresas terceirizadas que prestam serviços na UPA do Segundo Distrito já foram orientadas a fornecer equipamentos individuas de proteção a seus funcionários.


A Sesacre informa que esse fornecimento é uma obrigação da empresa terceirizada contratada, inclusive sendo uma das cláusulas do contrato, e que cobrará a firma por isso para que os trabalhadores não sejam prejudicados.


Rio Branco, AC, 22 de abril de 2020.
Secretaria de Estado de Saúde do Acre – Sesacre


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