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Prefeita Socorro Neri assina decreto que instituiu Prêmio Bacurau de Direitos Humanos 

APrefeitura de Rio Branco instituiu nesta segunda-feira (9), o Prêmio Bacurau de Direitos Humanos, que visa reconhecer e homenagear pessoas físicas, além de instituições que defendam ou promovam causas e ações para a promoção dos direitos humanos na capital. O Decreto nº 1.780, que dispõem sobre a matéria foi assinado pela prefeita Socorro Neri, durante concorrida cerimônia no Teatro Maués, bairro Manoel Julião.


Participaram da solenidade familiares, artistas locais, ativistas do Morhan, instituição fundada por Francisco Augusto Vieira Nunes (Bacurau), pessoas que conviveram e militaram com Bacurau, que, nesta data completaria 80 anos.  Idealizado pela prefeita socorro Neri o evento conta com o apoio da Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos (SASDH), Secretaria Municipal de Saúde (SEMSA) e Fundação de Cultura, Esporte e Lazer Garibaldi Brasil (FGB).


Ao falar sobre o ato de instituir o prêmio a prefeita Socorro Neri destacou a importância do reconhecimento do trabalho realizado pelas pessoas e entidades na luta pela dignidade inerente à pessoa humana e seus direitos iguais e inalienáveis.


“Nós estamos hoje celebrando 80 anos de nascimento do Bacurau e inspirados na trajetória dele, na missão de vida, dele, que foi ajudar o próximo, estamos lançando o edital do Prêmio Bacurau de Direitos Humanos, cuja primeira edição vai se dá em 2020. Também estamos homenageando 22 personalidades de nossa cidade que tiveram participação muito forte na trajetória do Bacurau, que estiveram junto com ele nesse movimento tão bonito que ele desenvolveu em prol dos hansenianos, em prol das pessoas de modo geral”, ressaltou.


Socorro Neri fez questão de destacar ainda que Bacurau tinha como missão de vida o amor ao próximo, que isso se materializou no movimento Morhan e em várias outras ações que ele também contribuiu. “O dia de hoje, portanto, é um dia dedicado a toda essa trajetória, a esse espirito de amar o próximo independente de quaisquer coisas que nos distingam”, completou.


Terezinha Prudêncio da Silva, viúva do homenageado, disse que o prêmio é motivo de orgulho para a família e abraçado como um reconhecimento do legado de Bacurau, construído com muita luta e superação. “Queremos agradecer, de coração, porque acreditamos. Se ele estivesse vivo estaria fazendo 80 anos, hoje, 9 de dezembro. Para nós é gratificante. Estamos aqui recebendo os amigos, todas aquelas pessoas que fizeram parte da vida do Bacurau.   Ele era tudo. Um bom marido, bom pai, bom amigo, um homem que qualquer mulher gostaria de ser esposa dele”, disse a viúva.


O historiador Daniel Klei, da Universidade Federal do Acre, define Francisco Augusto Vieira Nunes (Bacurau) como um ativista político, uma pessoa que não teve instrução formal, mas se educou no mundo. “Estudou profundamente as questões sociais e políticas do Brasil e do mundo, viajou muito, foi um propositor. Diante do Brasil de hoje, é necessário falar de direitos humanos, esse debate é muito raso (frágil) é imprescindível ampliá-lo. A prefeita Socorro Neri está dando um passo importante”, colocou.



Filho de sírio libaneses, Abrahim Farhat, o Lhé, foi um dos homenageados na ocasião em que a prefeita Socorro Neri instituiu o Prêmio Bacurau de Direitos Humanos. Lhé militou com Bacurau e na época figurava como suporte financeiro da luta incansável do propositor.


O primeiro contato entre os dois se deu, quando num gesto ousado para o período de intensa segregação, Bacurau acompanhado do amigo “Pelé”, ativista que lutava pela criação do Morhan, sugeriu que Lhé intermediasse (patrocinasse) uma partida de futebol entre o Canário, time formado por leprosos (portadores do bacilo da hanseníase) e o time da Cooperativa Nossa Senhora da Conceição. O desafio foi aceito. O placar do jogo Lhé não quis revelar, mas esse ato selou uma autêntica amizade.



“Bacurau era o segundo presidente dos leprosos mundial. Foi a China e voltou como herói em 1995, quando mudou a forma dos chineses encararem o adoecimento da hanseníase e seu respectivo tratamento. Lutou pela criação do Sus, algo extraordinário, que hoje beneficia milhares, inclusive eu. Estou falando de um homem que soube se superar”, sublinhou Lhé. 


 


O Bacurau


No dia 9 de dezembro de 1939 nasce Francisco Augusto Vieira Nunes, o futuro Bacurau. Aos cinco anos de idade a família percebe que ele havia contraído a hanseníase.


Em 1967 Alguns moradores de Manicoré/AM denunciam Augusto ao posto de saúde. Dias depois a polícia sanitária vai a sua casa e encontra seu pai, abraçado ao filho, armado com um facão – Só levam meu filho morto! – Não levam o pequeno Augusto. Logo aprende a ler e escrever estudando em casa com a ajuda de seus irmãos. Não conseguia matricula nas escolas por ter hanseníase. No mesmo ano a polícia sanitária entra na sua casa a força e levam, por engano, o seu irmão Pedro.


Em 1948, a família vai buscar tratamento para Augusto em Porto Velho, Rondônia. E matriculado em uma escola de Porto Velho, mas o expulsam no primeiro dia de aula abandonando-o na porta do hospital da cidade. A padaria do seu pai vai à falência devido à perda de clientes em razão do medo de contágio.


Em 1951, seu pai também é demitido da delegacia de polícia por possuir idéias anti-getulistas e por ter um filho com hanseníase. A falta de alimentação adequada e tratamento médico precário da região levam a morte três irmãs de Bacurau: Maria Lucia, com 4 anos; Terezinha de Jesus, com 6; e Maria Eliza, ainda bebê.


No ano de 1952, morre o pai de Augusto. João Monteiro Nunes. Desgastado por anos de trabalho pesado, idade avançada e saúde frágil. Pregam uma placa na frente da casa de Bacurau com a palavra ETERNITET significando lar condenado sempre.


Em 1953 é internado aos 13 anos na colônia Jayme Abenathar. Na colônia, Augusto recebe, o apelido Bacurau.


Em 1957 sai da colônia de Porto Velho em 1957, e vai morar com o seu irmão Zuza em Rio Branco, Acre. Neste período tenta, sem sucesso, por quase quatro anos, arrumar um emprego.


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