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Após enterrar cabeça de homem decapitado em ataques há mais um ano no AC, pai ainda espera encontrar corpo

Cabeça foi achada no dia 20 de outubro de 2016 às margens da Rua Santa Luzia, no bairro Eldorado, durante noite de atentados e ataques na capital acreana. Pai tem esperança de enterrar o resto do corpo.


Debilitado após sofrer um acidente de moto no último dia 27, o pai de Josimar Azevedo dos Santos, que teve a cabeça encontrada em uma rua de Rio Branco durante ataques há mais de um ano, conversou com o G1 nesta quinta-feira (1).


Manoel Rodrigues contou que enterrou somente a cabeça do filho e que tem esperança de um dia encontrar o corpo.


A cabeça de Santos foi achada pela Polícia Militar do Acre no dia 20 de outubro de 2016 às margens da Rua Santa Luzia, no bairro Eldorado. O dia em que a cabeça foi encontrada, foi marcado por incêndios, rebeliões no presídio e mortes na capital acreana.


Na época, o comando da PM-AC informou que foram pelo menos 10 mortes – quatro delas em decorrência da rebelião no presídio Francisco d’Oliveira Conde e o restante em outros crimes em bairros de Rio Branco. Praticamente todas as mortes teriam ligação com facções criminosas.


Com a voz trêmula e enrolada devido ao estado de saúde frágil, Rodrigues contou que o filho era um jovem “tranquilo e trabalhador” e que na época havia terminado um relacionamento com uma mulher há cerca de 10 dias. Segundo ele, Santos trabalhava como entregador de carne em um caminhão.


“Fiz o enterro só da cabeça mesmo, o corpo até agora ninguém achou e continuamos esperando. Ele saiu de casa quando tinha 14 anos, estava brigado com a mãe dele também, estavam sem se falar. Meu filho era trabalhador, carregava carne para um frigorífico, não falava mal de ninguém, era tranquilo e não gostava de conversa”, contou o pai.


O carro que supostamente pertencia a Santos foi encontrado pela Polícia Civil no dia 24 de outubro de 2016. Na época, o major Edener Silva – comandante do 5° Batalhão – informou que o veículo foi achado e identificado pela placa.


Acre registrou uma onda de execuções desde o dia 16 de outubro de 2016  (Foto: Divulgação/Secom Acre)

Acre registrou uma onda de execuções desde o dia 16 de outubro de 2016 (Foto: Divulgação/Secom Acre)


Briga de facções no Acre

O Acre registrou uma onda de execuções desde o dia 16 de outubro de 2016 que, segundo o secretário da Segurança, Emylson Farias, teve ligação com a briga entre duas facções rivais. O estopim dessa guerra aconteceu na noite de 18 de outubro daquele ano, quando ao menos 25 criminosos de um grupo organizado armaram uma emboscada para matar presos do semiaberto ligados a uma facção rival. Quatro pessoas foram feridas e apenas um criminoso preso.


O ataque aconteceu na Unidade Prisional 4 (UP4), quando os presos voltavam para dormir na unidade. No dia seguinte, o governo acionou 500 homens do Exército, destes 200 ficaram em Rio Branco e o restante em cidades da fronteira. Além disso, os 380 da chamada “Papudinha” foram liberados do pernoite até o dia 21.


O presídio Francisco d’Oliveira Conde (FOC) também registrou um início de motim no dia 19 de outubro de 2016. O motim iniciou no pavilhão I, dentro do “Chapão”, onde ficam os sentenciados. A assessoria do Iapen confirmou que um grupo de presos começou a bater nas grades e a gritar, mas a situação foi contida a tempo. A visita íntima foi suspensa devido ao ataque registrado na noite anterior.


No dia seguinte, uma briga durante o banho de sol no FOC deixou um ferido em Rio Branco. A Secretaria de Segurança Pública do Acre (Sesp-AC) informou que os presos usaram estoques durante a confusão no pátio da unidade.


No mesmo dia, durante a entrega de marmitas no presídio, os presos se rebelaram e tomaram conta de três pavilhões da FOC. Agentes do Batalhão de Operações Especiais (Bope) entraram na unidade e, inicialmente, conseguiram retomar os pavilhões L e K. O Pavilhão J foi o último a ser controlado. Após a rebelião, em coletiva, o governo afirmou que dois carcereiros foram presos sob suspeita de fornecer armas para presos.


No total, quatro presos morreram. Um chegou a ser socorrido no Hospital de Urgência e Emergência, mas não resistiu. Além disso, 19 ficaram feridos.


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