O dólar operava com baixa ante o real nesta sexta-feira (31), após uma abertura positiva, com mercado de câmbio sob pressão técnica em dia de formação da Ptax do fim de janeiro, após queda acumulada pelo dólar de 5% em janeiro.
Investidores também repercutem dados dos EUA, incluindo o custo do emprego, que subiu 0,9% abaixo da previsão de 1%, e a inflação medida pelo índice de preços de gastos com consumo (PCE), em linha com as expectativas.
Qual é a cotação do dólar hoje?
Às 11h46, o dólar à vista operava em baixa de 0,50%, aos R$ 5,822 na compra e R$ 5,823 na venda. Na B3 o dólar para fevereiro — atualmente o mais líquido — cedia 0,93%, aos 5.823 pontos.
Na quinta-feira, o dólar à vista fechou em baixa de 0,26%, a 5,8532 reais, a menor cotação desde 26 de novembro do ano passado, quando encerrou em 5,8096 reais.
O Banco Central fará nesta sessão um leilão de até 15.000 contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 5 de março de 2025.
Dólar comercial
- • Compra: R$ 5,822
- • Venda: R$ 5,823
Dólar turismo
- • Compra: R$ 5,907
- • Venda: R$ 6,087
O que aconteceu com dólar hoje?
Os agentes de câmbio olham também o déficit primário do setor público consolidado de R$ 47,553 bilhões em 2024, um pouco menos negativo do que a mediana do Projeções Broadcast (-R$ 48,80 bilhões). Já a taxa de desocupação no Brasil ficou em 6,2% no trimestre encerrado em dezembro, equivalente ao teto das previsões de analistas ouvidos pelo Projeções Broadcast, que estimavam uma taxa de desemprego entre 5,9% e 6,2%, com mediana de 6,0%.
O mercado também digere as declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de que a Selic está em um “patamar que desacelera a economia”. “Se você já está com Selic muito restritiva, remédio em excesso pode ser contraproducente”, disse o ministro.
Após o presidente Lula não se comprometer com novas medidas de contenção de gastos, Haddad afirmou que a revisão do Orçamento é uma atividade rotineira e Lula sabe que mudanças de rota podem ser necessárias.
Ele também estimou uma queda no crescimento do PIB de 3,5% para 2,5% em 2025. Após a elevação da Selic a 13,25% na quarta, sem indicar os próximos passos após nova alta contratada de 1pp para março, o mercado coloca em xeque a continuidade do ciclo de aperto a partir de maio.
Lá fora, investidores também reagem aos comentários da diretora do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Michelle Bowman, de que a renda elevada pode sustentar o consumo com reflexo no mercado de trabalho e que as condições financeiras no país podem estar desacelerando o progresso no controle da inflação.
Segundo Pedro Ros, CEO da Referência Capital, há fluxo de investidor estrangeiro ajudando na queda do dólar ante o real e em relação a outras moedas emergentes ligadas a commodities, como peso mexicano, peso colombiano e também o dólar canadense.
Na noite de quinta-feira, 30, o presidente dos EUA, Donald Trump confirmou tarifa de 25% aos produtos do México e Canadá a partir de amanhã e fez novas ameaças à China e também de taxar em 100% as importações dos Brics se tentarem substituir o dólar em suas relações comerciais. A Rússia disse que não houve conversas sobre criar moeda comum dos Brics.
A advertência coloca o governo brasileiro em uma sinuca de bico, à medida que o País assumiu a presidência do grupo em 1º de janeiro, com mandato até o final do ano. O governo local será responsável por organizar e coordenar as reuniões do grupo e também definir as prioridades da agenda até julho, para quando está prevista a cúpula com os chefes de Estado, no Rio de Janeiro.
No fim da manhã desta quinta, o presidente Lula afirmou que se Trump taxar produtos brasileiros, haverá reciprocidade do Brasil em taxar americanos, sem citar a ameaça aos Brics, feita nos primeiros dias do governo Trump e reiterada à noite. Já o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, considera que “não faz o menor sentido” os Estados Unidos sobretaxarem os produtos vindos do Brasil, já que, segundo ele, os dois países apresentam hoje uma balança comercial “equilibrada”.
(Com Estadão)