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‘Medo de a justiça não ser feita’, diz mãe de garota morta em Aracruz

Na última sexta-feira (25), horas antes de ser morta em um ataque a tiros em Aracruz, no Espírito Santo, Selena Sagrillo Zuccolotto, 12, foi levada para o colégio pelo pai de carro.


Ir de carona com o pai para a escola não era um hábito da menina, conta sua mãe, Thais Fanttini. Como o bairro em que vivia era muito tranquilo, Selena costumava ir de bicicleta para a escola, mas devido ao tempo chuvoso naquele dia ela foi de carro.


Selena estudava no Centro Educacional Praia de Coqueiral, uma das duas escolas que foram alvos de ataques a tiros feitos por um adolescente de 16 anos, que foi apreendido. Quatro pessoas morreram -a garota e três professoras do colégio estadual Primo Bitti.


A mãe não estava na cidade no dia, pois trabalhava na Bahia, para onde a família planejava se mudar em 2023. Faltavam apenas três provas para a estudante terminar o sexto ano do colégio, a mãe tinha reunido os documentos necessários para a transferência de matrícula no novo endereço e o pai já tinha combinado a saída dele do emprego.


Mas tudo veio abaixo na sexta. “Eu vi as mensagens desesperadas do meu marido no grupo dos pais da escola procurando a Selena. Em seguida, minha irmã me ligou. Foi total desespero”, relata a mãe, que conversou com a reportagem por meio de mensagens de texto.


Selena era simpática, alegre e tratava a todos com carinho, conta a mãe. A garota gostava de criar histórias que tinha o desejo de, no futuro, transformar em animação. Para isso, costumava passar os dias desenhando personagens. Ao lado do pai, discutia os detalhes da narrativa, a ordem cronológica e os acontecimentos.


“Voltar para casa e encontrar seus desenhos, sabendo que nunca verei a animação que ela criaria, é muito muito sofrido”, afirma Thais, que lembra que a menina gostava de jogar Minecraft e Roblox, pintar e andar de bicicleta.


Em alguns dias, a menina pedia para sair mais cedo de casa para poder dar uma volta a mais de bicicleta. “Tivemos várias conversas sobre só sair no horário certo para escola. Ela se sentia amada e segura aqui no bairro.”


Após a tragédia, a mãe afirma esperar que a partida da sua filha não tenha sido em vão. “Espero que Selena espalhe a mensagem do amor, da alegria. Ela amava estudar. Que todas as crianças estejam seguras em seus ambientes de educação”, diz.


Ela também cobra punição ao atirador, que é filho de um policial militar e usava emblemas nazistas durante o ataque.


A polícia investiga como ele teve acesso às armas e se recebeu treinamento.


“Tenho medo da justiça não ser feita”, diz Thais. “Um menino de 16 anos que sabia dirigir o carro perfeitamente, sabia manejar uma arma perfeitamente. Ele usava uma suástica no braço. Quem ensinou?”


Quando pequena, em um momento de tristeza, Selena ouviu da mãe: “Minha filha, seu coração é feito de metade do meu coração com a metade do coração de seu pai. Não fique triste, pois o que entra no seu coração, também entra nos corações da mamãe e do papai.”


Depois disso, a menina pedia várias vezes à mãe que repetisse para ela do que seu coração era feito.


“Foi esse coração que parou de bater com um tiro”, afirma Thais. “Meu coração e do meu marido quase não têm mais forças sem a Selena.”


POR FOLHAPRESS


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