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Ameaçado por erosão e interditado, Hospital de Brasiléia funciona em condições precárias

A rua que existia em frente ao Hospital de Brasiléia (distante 240 km de Rio Branco), desapareceu. A erosão avança em direção ao prédio que apresenta rachaduras de uma ponta a outra.


O estacionamento foi reduzido porque o barranco do rio não para de ceder. O risco eminente de desabamento é real, mas sem ter para onde ir, funcionários continuam trabalhando em um local insalubre e inseguro.


Essas marcas são consequências da grande enchente que em 2015 destruiu mais da metade da área urbana da cidade.


Com autorização da direção da unidade, a reportagem do AC24horas percorreu todas as alas do hospital. A estrutura física é precária.


Ao lado da recepção, uma sala onde funcionava um ambulatório está desocupada. Com rachaduras nas paredes, os médicos se recusam a atender no espaço e foram acomodados no corredor do setor de observação.


Na pré consulta, o forro está caindo. Buracos na parte superior expõem o risco de desabamento.


“A gente trabalha aqui temendo esse teto desabar a qualquer momento”, diz uma funcionária.


No setor de internação masculino a situação é idêntica. Banheiros entupidos e janelas remendadas com papelão. O local onde deveria está o ar condicionado, é tampado com plástico.


Na entrada do centro cirúrgico, as rachaduras também aparecem. O forro cedeu e segundo funcionários, existem goteiras.



” Quando chove inunda tudo aqui. Venha em um dia de chuva e o senhor vai atestar o que a gente está falando”, falou outra servidora que pediu para não ter o nome publicado.


O calor é insuportável dentro das salas. Pacientes levam ventiladores. Em algumas salas até estão os aparelhos de ar condicionado, mas a fiação elétrica não funciona.


” Faz tempo que a situação está assim. A gente reclama mas nada acontece. Só vão tomar uma atitude quando acontecer uma tragédia eu acho”, comentou outra servidora.



Diretora diz que hospital pode fechar

Maria Alice Saturnino, diretora geral da unidade foi realista. Ela contou que o hospital funciona hoje com parte da estrutura interditada pela Defesa Civil e que não tem espaço para acomodar os setores em outro local.


” Hoje, se tivesse que sair de lá para funcionar até que a gente tenha previsão de mudar para a estrutura nova, algum serviço teria que parar. A fisioterapia, a emergência funcionaria parcialmente, em lugar inapropriado. O laboratório teria que permanecer lá, não onde acomodar” revelou ela, que continuou.


” O hospital atende de forma precária. Por exemplo: a sala de emergência tem rachaduras, dá muita pane na rede elétrica isso tudo causa transtorno para a população e para os servidores”, disse.


O novo espaço a que se refere diretora, é a obra do hospital da cidade. Orçado em R$ 50,5 milhões, o projeto, que pelo cronograma deveria ter sido concluído em novembro de 2014,ainda não foi entregue.


Justiça condenou SESACRE por condições precárias do hospital

Em sentença assinada pelo juiz Clóvis de Souza Lódi, a justiça do Acre condenou em março de 2014, a Secretaria Estadual de Saúde pelas condições insalubres da unidade e a falta de equipamentos para atendimentos dos pacientes.


Na decisão, o magistrado estipulou um prazo de seis meses para que o estado, por meio da SESACRE, providenciasse duas ambulâncias, medicamentos e que a unidade fosse submetida a uma reforma geral para sanar os defeitos em toda a estrutura física.


O juiz estipulou multa diária de R$ 10 mil caso as determinações não fossem cumpridas dentro do prazo. O quadro se agravou e ninguém foi responsabilizado.


Corpo de Bombeiros não confirma laudo

O comandante do Corpo de Bombeiros, coronel Roney Cunha, procurado pela reportagem para comentar o caso, disse que desconhecer a interdição de parte do hospital.


Ele falou que em 2015, após a grande enchente que destruiu parte de Brasiléia, a Defesa Civil fez uma vistoria no hospital. Na época, segundo ele, o prédio apresentou condições de funcionamento.


Ele disse ainda que acionou o comandante do CBMAC em Brasiléia para que averiguasse a suposta interdição, mas até o fechamento da reportagem não confirmou a existência do laudo.



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