O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, encerrou em alta nesta quarta-feira (21), marcando o terceiro dia seguido de recorde.
Na sessão, investidores se voltaram para o exterior a fim de avaliar dados revisados de emprego nos Estados Unidos e a ata da reunião de julho do Federal Reserve, enquanto o dólar tem leve oscilação, com a baixa variação no exterior.
O Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) divulgou a ata de sua mais recente reunião de política monetária, em que decidiu manter os juros na faixa de 5,25% a 5,50%. Nela, as autoridades sinalizaram a possibilidade de um corte na taxa em setembro.
“Por aqui, a ata não mexeu com o Ibovespa, que já vinha em alta, e também não trouxe nenhuma novidade que fosse suficiente para alterar os ânimos do mercado. Agora o mercado fica mesmo mais atento em relação à fala de Powell no evento Jackson Hole, na próxima sexta, em que ele pode trazer possíveis indicações em relação à queda de juros nos EUA”, avaliou o economista Fabio Louzada, planejador financeiro CFP e fundador da Eu me banco.
Mais cedo, o Departamento do Trabalho informou que os EUA criou menos empregos no ano até março de 2024 do que o divulgado anteriormente, o que pode reacender algumas das preocupações dos mercados globais sobre uma desaceleração agressiva na maior economia do mundo.
O Ibovespa encerrou o dia em alta de 0,28%, cravando os 136.463 pontos. Na última sessão, o índice também havia quebrado recorde anterior pela segunda sessão seguida com alta de 0,23%, aos 136.087 pontos.
Já o dólar encerrou em leve queda de 0,07%, cotado a R$ 5,4823. No começo das negociações, a moeda registrou leve queda frente ao real, devolvendo alguns de seus ganhos da véspera. Na terça-feira (20), o dólar à vista fechou em alta de 1,34%, cotado a R$ 5,486.
Cenário internacional
“Sabemos que foi um ano de crescimento econômico sólido, que os resultados das empresas foram bons e que a economia cresceu em um bom ritmo no ano que terminou em março”, explicou Adam Button, analista-chefe de câmbio da ForexLive.
“Talvez o emprego esteja um pouco mais fraco, mas isso não nos diz nada sobre a tendência no momento”, acrescentou.
As apostas de um corte na taxa de juros do Fed em sua reunião de 17 e 18 de setembro foram pouco alteradas após a divulgação do relatório. Operadores estão precificando uma probabilidade de 33% de um corte de 50 pontos-base e uma chance de 67% de uma redução de 25 pontos-base, de acordo com a ferramenta FedWatch da CME.
“Ficou mais fácil para o Fed cortar os juros agora e até o final do ano, mas não acho que reforce muito a hipótese de 50 pontos-base”, disse Button.
Operadores se concentrarão nos comentários do chair do Fed, Jerome Powell, na sexta-feira, no simpósio econômico de Jackson Hole, para obter novas pistas sobre sua visão do mercado de trabalho e se ele fará referência aos dados desta quarta-feira.
Os mercados estão buscando clareza sobre o tamanho de um corte de juros no próximo mês e nos subsequentes.
O Fed divulgará a ata de sua reunião de julho ainda nesta quarta-feira.
Também estava no radar o desempenho dos preços de commodities, em meio à piora das perspectivas para a economia da China, o que pode impactar ativos de países exportadores de matérias-primas, como o Brasil.
Cenário nacional
A agenda macroeconômica nacional esvaziada fazia os agentes financeiros se voltarem quase totalmente para o exterior a fim de definir suas operações.
O Banco Central fará nesta sessão leilão de até 12.000 contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 1º de outubro de 2024.