O dólar à vista subiu mais de 1% nesta terça-feira (20) e se reaproximou dos R$ 5,50, em um dia marcado por ajustes técnicos no Brasil e por declarações “mais brandas” do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sobre a política monetária.
“Nas últimas semanas vinha aumentado a expectativa de alta da Selic, e isso está virando uma profecia autorrealizada, porque foi colocado na curva que a taxa seria elevada”, comentou Matheus Spiess, analista da Empiricus Research. “Mas Campos Neto deixou a porta aberta [na entrevista de hoje]. Tem muito dado para sair até o próximo encontro do Copom”, acrescentou.
Qual a cotação do dólar hoje?
O dólar comercial fechou em alta de 1,35%, a R$ 5,484 na compra e a R$ 5,485 na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento (DOLc1) subia 1,28%, a 5.486,5 pontos.
Na segunda-feira, o dólar à vista fechou em baixa de 0,99%, cotado a R$ 5,413, no menor valor de fechamento desde 10 de julho, quando encerrou em R$ 5,4132. Em agosto, a divisa acumula queda de 3%.
Dólar comercial
- • Compra: R$ 5,484
- • Venda: R$ 5,485
Dólar turismo
- • Compra: R$ 5,513
- • Venda: R$ 5,693
O que aconteceu com o dólar hoje?
Uma entrevista de Campos Neto ao jornal O Globo influenciou o câmbio nesta terça-feira (20). O presidente do BC repetiu a mensagem recente de que a autarquia subirá a Selic “se for necessário”, mas ponderou que o cenário internacional melhorou.
A percepção de uma postura mais branda de Campos Neto derrubou a expectativa do mercado de aumento no diferencial de juros entre o Brasil e os Estados Unidos, com a perspectiva que queda das taxas por lá e aumento da Selic por aqui.
Com isso, o real perdeu a força frente ao dólar que vinha registrando nos últimos dias e o câmbio caiu nesta terça-feira. Na máxima do dia, a moeda norte-americana foi a R$ 5,492.
“Se precisar subir os juros, a gente vai subir os juros. A gente decidiu não dar um ‘guidance‘ (orientação), entendemos que o Banco Central vai estar dependente dos dados”, disse Campos Neto em um evento em São Paulo, acrescentando que o BC não vai “olhar tanto” para ruídos e volatilidades momentâneas.
Um maior apetite por ativos mais seguros no exterior também favoreceu a cotação do dólar.
“É o voo para a qualidade”, resumiu o diretor da Correparti Corretora, Jefferson Rugik, pontuando que os investidores se mostraram mais cautelosos antes da agenda do restante da semana, que tem a divulgação da ata do último encontro do Federal Reserve, na quarta-feira (21), e o discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, na sexta-feira (23).
No exterior, a moeda norte-americana também subia ante o peso mexicano e o rand sul-africano, moedas pares do real, e cedia ante o iene, o euro e a libra.
“Esse fortalecimento da moeda norte-americana reflete um movimento mais amplo de aversão ao risco, e é parcialmente impulsionado pelas incertezas em torno das próximas decisões de política monetária nos Estados Unidos”, disse Diego Costa, head de câmbio da B&T Câmbio.