Um sítio arqueológico de um povo que viveu há 10 mil anos no local onde hoje fica o município de Dona Francisca, região central do Rio Grande do Sul, foi descoberto em decorrência das enchentes que atingiram o estado em maio deste ano.
Moradores e agricultores do município encontraram em uma lavoura de arroz alguns vestígios como pedras lascadas e cerâmicas do povo Guarani, que habitaram o local no passado.
O professor e arqueólogo João Heitor Silva Macedo, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), explica que os itens encontrados estavam às margens do rio Jacuí, que transbordou em decorrência das enchentes e inundou a área.
“Esse sítio emergiu a partir das enchentes que foram avassaladoras para toda a população do Rio Grande do Sul, revelando uma grande crise sócio-climática, mas de outro lado revelou esse potencial arqueológico que estava enterrado e com a força das águas acabou vindo para a superfície e abrindo um horizonte de pesquisa que nós jamais poderíamos ter conhecido”, acrescentou ele.
O profissional explica que todos os artefatos encontrados até o momento se tratam de peças pré-coloniais.
“São artefatos pré-coloniais, antes do contato com o europeu, como cerâmicas e pedra lascada. As funções são as mais variadas. Como a gente ainda está no estudo preliminar e se tratam a maioria de fragmentos cerâmicos, ainda não temos como atribuir funções”, destaca ele.
A partir do momento da descoberta, os arqueólogos da universidade realizam um trabalho de mapeamento, identificação e limpeza dos itens encontrados, para assim iniciarem um estudo mais técnico do sítio, para entender todas as questões que envolvem a ocupação humana em relação ao meio ambiente.
Após todas as etapas do trabalho os artefatos se tornarão acessíveis para a população por meio de exposições e palestras.