O dólar atingiu nesta quarta-feira (5) R$ 5,30, maior valor em mais de um ano. A moeda norte-americana bateu a máxima no fim desta manhã, ganhando força, após dados mostrarem que o setor de serviços nos Estados Unidos se recuperou em maio, depois de uma contração no mês anterior. A moeda também era impactada pelas incertezas em torno do esperado início do ciclo de corte de juros pelo Federal Reserve.
No começo da tarde, por volta das 13h, o dólar era cotado a R$ 5,28. No mesmo horário, o Ibovespa subia 0,09%, aos 121.911 pontos.
O principal índice da bolsa paulista era ajudado por Wall Street, mas era uma melhora frágil, mesmo após cinco pregões seguidos de queda, com Vale ainda representando uma pressão de baixa relevante, enquanto agentes calculam os potenciais efeitos de mudanças envolvendo créditos de PIS/Cofins.
O governo editou na terça-feira uma medida provisória com mudanças no sistema de créditos de PIS/Cofins, a fim de compensar a desoneração da folha salarial de 17 setores da economia e municípios de pequeno porte, prevendo que isso ampliará as receitas em 29,2 bilhões de reais em 2024.
Para analistas do Bradesco BBI, empresas de alimentos, distribuição de combustíveis, agricultura e farmacêuticas devem ser as mais afetadas pela medida, que limita o uso de créditos para compensação, com exportadoras de café, laranja, suíno, frango e carne provavelmente sendo as mais impactadas.
Em Nova York, o sinal positivo prevalecia nas bolsas, com o S&P 500 ampliando os ganhos para 0,68%, enquanto o rendimento do Treasury de 10 anos recuava, em meio a dados mostrando criação de empregos menor do que o esperado nos EUA, embora o setor de serviços tenha voltado a crescer em maio.
Na visão da equipe da Ágora Investimentos, apesar de o ambiente externo ajudar a amenizar a pressão doméstica, “o fraco desempenho das principais commodities para o Ibovespa não é motivo de entusiasmo para os investidores – sugerindo ganhos muito limitados para a sessão”.
Dados de atividade nos EUA
Mais cedo, o Instituto de Gestão de Fornecimento (ISM, na sigla em inglês) informou que seu índice de gerentes de compras não manufatureiro subiu para 53,8 no mês passado, de 49,4 em abril. A leitura de maio, a mais alta desde agosto, superou as estimativas de todos os 59 economistas em uma pesquisa da Reuters, que fixava a expectativa mediana em 50,8.
“A economia não está caindo do precipício como parece a partir dos dados de abril”, disse Marc Chandler, estrategista-chefe de mercado da Bannockburn Forex, em Nova York. “Os números de abril exageraram o quão fraca é a economia.”
Os investidores estão agora atentos à reunião do Banco Central Europeu (BCE) na quinta-feira, quando se espera que a instituição reduza sua taxa de juros de um máximo histórico de 4%. Analistas esperam que o Banco de Inglaterra siga o BCE quando se reunir em duas semanas para decidir sobre suas taxas de juros.
No início da sessão desta quarta-feira, dados mostraram ainda que as folhas de pagamento privadas indicaram aumento de 152 mil empregos no mês passado, depois de subirem em 188 mil em abril, em número revisado para baixo, mostrou o relatório da ADP. Economistas consultados pela Reuters previam que o emprego privado aumentaria em 175 mil no mês passado. O dólar mostrou pouca reação ao relatório da ADP.