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‘Despacho’ é deixado na frente do Conselho de Contabilidade do AC

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Foto: Whidy Melo/ac24horas

Uma oferenda feita no cruzamento entre a rua Liberdade e a Estrada Dias Martins, em frente ao Conselho Regional de Contabilidade, em Rio Branco, chamou atenção de motoristas e pedestres que passavam pelo local na manhã desta quinta-feira (13). O despacho feito com farinha, feijões pretos e brancos, champanhe, e velas vermelhas, estava assentado em tecidos vermelhos e pretos.


De acordo com Awrá Omi (aáfìn aşé yá omi d’omi opará), candomblecista há 32 anos e mãe de santo e Yalorişa, a prática de fazer oferendas em áreas urbanas é mais comum na Umbanda, já que o Candomblé costuma realizar seus trabalhos dentro dos terreiros e na natureza, mas pela característica do despacho visto nesta manhã, o ato foi feito a uma Exu mulher, como a Pomba Gíria. “Como foi feito numa encruzilhada em T, é a uma entidade mulher de Exu, sempre um Exu feminino. Pode ser trabalho para a prosperidade, amores, ou para arrumar emprego”, disse.


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Foto: Whidy Melo/ac24horas

Ainda segundo Omi, os atos de oferendas em religiões de matrizes africanas têm origens altruístas, que fazem sentido quando observadas do ponto de vista do contexto do surgimento dessas práticas no Brasil. “Quando nossos antepassados chegaram ao Brasil para serem escravizados houve uma forte mistura religiosa nas senzalas, visto que vieram de países e culturas diferentes. A partir daquele momento teve uma reunião de culto a seus orixás. Os senhores de engenho exigiam explicações sobre os nossos cultos, então os escravos tinham que explicar de modo que esses patrões pudessem entender, e aí houve essa comparação com os santos católicos. Já o costume de colocar oferenda nos lugares, era na verdade para alimentar os escravos que conseguiam fugir dos seus senhores, então se dizia que era para as entidades, quando na verdade era para que os que conseguiam fugir não morressem de fome. Outra técnica que se fazia era esconder sementes como milho, arroz, no cabelo, e aí surgiu o trançado, que hoje virou moda mas que já serviu para que pudéssemos plantar no quilombo”, afirmou.


Awrá lamentou que embora a história das religiões de matrizes africanas seja rica e faça parte da formação social do país, poucas pessoas de fora das práticas religiosas se debruçam com profundidade sobre essas religiões, o que acaba perpetuando o preconceito. “A nossa história ancestral é muito bonita, mas as pessoas não conseguem compreender. O Brasil é cheio de racismo, de intolerância religiosa. A verdadeira história do Brasil é contato pelas ladainhas da capoeira e pelos pontos riscados e cantados pelos Pretos Velhos da Umbanda”, concluiu.


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