Advogado é condenado a três anos de prisão por atropelar motociclistas ao dirigir embriagado em Rio Branco

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Advogado Antônio Djan Melo deixou o Bope na tarde desta terça-feira (25) para ficar em prisão domiciliar — Foto: Reprodução

O advogado Antônio Djan Melo foi condenado a três anos de prisão por atropelar três motociclistas enquanto dirigia embriagado na Avenida Getúlio Vargas em Rio Branco, em janeiro de 2021. Duas vítimas tiveram lesões graves e uma teve ferimentos leves.


Melo foi preso com sinais de embriaguez logo após o acidente e se recusou a fazer o teste de bafômetro. À época, ele negou que estivesse embriagado, e disse que, na verdade, tomou em excesso medicamento para depressão, que fez com que ele apagasse na hora do acidente e não lembrar o que aconteceu.


Para a juíza Ana Paula Saboya, mesmo que o réu tenha se negado a fazer o teste, o registro feito por policiais militares em auto de infração de trânsito comprova que ele não estava em condições de dirigir naquela noite. O g1 não conseguiu contato com a defesa de Melo.


“Portanto, com o término da instrução processual, restou comprovado que o réu havia ingerido bebida alcoólica, estava conduzindo veículo automotor e colidiu com as vítimas, causando as lesões constantes nos autos”, afirma a sentença.


Além da pena de três anos e seis de reclusão, além de 10 dias-multa, o advogado também deverá pagar indenização de R$ 15 mil a duas vítimas, e R$ 7 mil a outra. Conforme o processo, o condutor de uma das motocicletas sofreu fraturas e passou por duas cirurgias. A pessoa que estava na garupa ficou de cama por três meses, sem conseguir levantar, e ficou com uma perna menor que a outra. A terceira vítima relatou que ficou mais de um mês sem andar, em decorrência de fratura no pé.


Na sentença, a magistrada também levou em conta o fato do advogado ter maus antecedentes. Em março de 2020, ele já havia sido preso após se envolver em um acidente com um motociclista. Na época, ele também estava com sinais de embriaguez e não quis fazer o teste de bafômetro.


Acidente

 


Antônio Djan Damasceno Melo foi levado para a Delegacia de Flagrantes (Defla) pela Polícia Militar após o acidente. O motorista se recusou a fazer o teste de bafômetro, mas a PM-AC afirmou que ele estava cambaleante, alterado, com falas desconexas e com cheiro de álcool.


Na delegacia, o advogado foi ouvido pelo delegado Adriano Araújo e negou que tivesse ingerido bebidas alcoólicas. Ele disse que, na verdade, tomou em excesso medicamento para depressão e que teria apagado na hora do acidente e não lembra o que aconteceu.


Ele estava com os olhos avermelhados, não falava coisas coerentes. A PM disse que ofereceu o teste e ele recusou, mas ele disse que, primeiramente, não fez porque não havia necessidade, não tinha bebido. Depois falou que não ofereceram. Foi meio incoerente. Os policiais militares falaram que estava em visível estado de embriaguez alcoólica, mas, como não quis soprar o bafômetro, fizeram o alto de infração de trânsito constando o sinal de embriaguez e ainda constaram por inscrito que ele tinha confessado [no local do acidente] ter feito ingestão de cerveja 30 minutos antes do acidente“, relatou o delegado.


O carro do advogado invadiu a contramão e atingiu três motocicletas na Avenida Getúlio Vargas. Uma das motos carregava duas pessoas, sendo que o garupa teve apenas danos materiais e não precisou de atendimento médico. Já outras duas pessoas, um homem e uma mulher, ficaram com ferimentos expostos e foram levadas para o pronto socorro por ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) em estado grave.


Uma segunda mulher também foi atingida e ficou com ferimentos leves e foi encaminhada para a Unidade de Pronto Atendimento da Sobral (UPA). A direção do PS informou que as duas vítimas encaminhadas para unidade tiveram fraturas de membros inferiores, passaram por cirurgia e ficaram bem.


A Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Acre (OAB-AC) destacou a Comissão de Defesa, Assistência e Prerrogativas para acompanhar o caso e garantir os direitos do advogado preso.


Medicamento para depressão

 


Na época do acidente, em depoimento para a Polícia Civil, o motorista afirmou que tomou em excesso remédio para depressão de maneira proposital porque no dia do acidente completava mais um ano da morte da mãe.


Melo estava saindo de casa na hora do acidente. “Ele disse que tinha bebido de maneira excessiva para apagar mesmo, só que não sabia que ia apagar”, confirmou o delegado.


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Vítimas foram atingidas por carro do advogado que invadiu contramão na Avenida Getúlio Vargas — Foto: Reprodução

Vídeos

 


Vídeos gravados no local, que viralizaram nas redes sociais, mostraram os condutores das motocicletas deitados na calçada e recebendo ajuda de populares. Um homem aparecia com ferimentos expostos em um dos braços.


Outras imagens mostram o carro parado com a frente batida em uma mureta. Em um dos vídeos aparecia ainda o advogado dentro do veículo e um policial militar ao lado dele.


Imagens de câmeras de segurança de um estabelecimento gravaram o momento em que o advogado invade a contramão e atinge os motociclistas. Uma das vítima atingidas é arremessada muito alto na hora do impacto e cai na calçada.


Preso por estelionato

 


Em 2016, o advogado Antônio Djan Damasceno Melo, na época com 38 anos, chegou a ser preso pela Polícia Civil suspeito de abusar da confiança de pessoas que procuravam seus serviços. Damasceno foi preso no dia 12 de agosto daquele ano quando chegava em um supermercado de Rio Branco.


O delegado responsável pelo caso, Fabrizzio Sobreira, disse, na época, que o mandado de prisão foi expedido pela 1ª Vara Criminal e que o processo contra o jurista foi iniciado pelas polícias Civil e Federal. “Ele vinha utilizando da sua função para ludibriar as pessoas que o contratavam. Ele não repassava os valores e dizia que entrava com as ações sem fazê-lo”, disse.


Fonte: G1 Acre


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