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Brasil pode se beneficiar da polarização EUA e China

Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil


 


 


O presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, Jorge Viana, está em missão nos Estados Unidos. Tem dado a isto uma projeção pouco comum com muita capilaridade na imprensa nacional. Semana passada, concedeu entrevista à revista Veja e ontem (13) teve destaque no jornal O Estado de S. Paulo.


Há uma ideia central que pode se destacar das duas entrevistas: o Brasil precisa criar estratégias que se beneficiem das disputas comerciais dos dois maiores atores do mercado global: Estados Unidos e China. Vulgarizando o raciocínio do presidente da Apex, a lógica é: enquanto os grandes brigam, o Brasil pode se beneficiar nos dois polos.


Para a revista Veja, o presidente da Apex se amparou em uma imagem muito popular: “o Brasil não pode ter ‘beicinho com os Estados Unidos’; tem que ser prioridade”. Ontem, no Estadão, Viana foi mais claro ainda. “O Brasil não tem que entrar em guerra comercial com ninguém”, apontou. “Mas pode aproveitar essas guerras para suceder à China”.


A “guerra” lembrada pelo presidente da Apex é a guerra comercial. Nenhuma referência aos dois grandes conflitos existentes atualmente (Ucrânia e Gaza). A questão é o comércio global e as medidas estratégicas que países como o Brasil podem adotar para fortalecer o ambiente empresarial interno, tão castigado, segundo Viana, nos sete últimos anos.


Nesse processo de retomada de protagonismo das exportações brasileiras, Viana chama atenção para o papel da Presidência da República. “O presidente Lula trouxe o que a gente chama de diplomacia presidencial de volta”, afirmou. E isso, no entendimento do chefe da Apex, “facilita o trabalho de levar as empresas do Brasil para o mundo e atrair investimentos.


Esse tipo de interferência presidencial no ambiente econômico conflita com as tuas críticas que Lula vem recebendo nas articulações focadas na Petrobras e na Vale. “A ação do presidente Lula e o trabalho da Apex têm muito a ver. O Brasil não tem conflito com nenhum país especificamente, estamos abertos ao comércio com todos. Tratamos os negócios à parte de afinidades para nos recuperarmos dos problemas dos últimos sete anos”.


O reforço da relação comercial com os Estados Unidos vem pelos números. Como segundo destino das exportações brasileiras, os Estados Unidos compraram do Brasil US$ 36,9 milhões. Com uma diferença. Os Estados Unidos compram do Brasil produtos com maior valor agregado, diferente da China que importa, sobretudo, produtos agrícolas quase sem beneficiamento nenhum.


Qual é a aposta de Jorge Viana no comércio com os Estados Unidos? Qual seria o produto estratégico a ser oferecido no mercado norte-americano? Resposta: aviões. A Apex fez o cálculo: os jatos da Embraer transporta 5 milhões de passageiros nos Estados Unidos por ano. Estima-se que circulem mil aviões da Embraer nos EUA. Além da aviação civil, Viana acredita que o selo “Embraer” pode emplacar aeronaves que atuem na área de Segurança, como os Super Tucanos e C-390 Millenium.


A Apex calcula que, em 2023, o déficit do comércio brasileiro com os Estados Unidos foi de US$ 1 bilhão: o Brasil comprou mais do que vendeu para os norte-americanos. E o Brasil melhorou. “Em 2022, tinha sido de 13 bilhões de dólares”, comparou o presidente da Apex.


Nas entrevistas que tem concedido, Viana sempre ressalta também, além dos produtos em que o Brasil já é destaque, como o mercado de commodities, a demanda africana. O que os países do continente africano precisam? Essa demanda não pode ser desprezada pelo Brasil. É, inclusive, um ponto de discordância entre o perfil da gestão do presidente Lula e o que defendem a economia sob os fundamentos liberais.


O próprio jornal O Estado de S. Paulo, por exemplo, ironiza a aliança do Sul Global, defendida por Lula. A Apex ignora a ironia. Quer viabilizar negócios. “Os negócios têm que ser à parte. Um país como o Brasil não pode misturar as coisas. Manter o fluxo de comércio é manter o interesse no Brasil, o que é bom para todo mundo”. A frase foi dita por Viana para tratar da relação com os Estados Unidos no ambiente de polarização interna por lá entre Joe Biden ou Donald Trump. Mas serve como uma luva para qualquer ponto do globo.


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