Imagens que circularam nas redes sociais nesta quinta-feira (7) mostraram a prisão em massa de homens que foram obrigados a ficar apenas de cueca, ajoelhar-se na rua, usar vendas nos olhos e entrar na caçamba de um veículo militar dos militares israelenses.
As circunstâncias e datas exatas das detenções não são claras, mas algumas das identidades dos presos foram confirmadas por colegas ou familiares.
Ao menos alguns dos homens são civis sem qualquer filiação conhecida a grupos armados, de acordo com uma conversa que a CNN teve com um dos familiares e uma declaração de um dos empregadores, uma rede de notícias.
O Monitor Euro-Mediterrâneo dos Direitos Humanos publicou uma imagem de uma prisão e pontuou em uma declaração nesta quinta-feira que “o exército israelense deteve e abusou gravemente de dezenas de civis palestinos”.
“O Euro-Med Monitor recebeu relatos de que as forças israelenses lançaram campanhas de detenção aleatórias e arbitrárias contra pessoas deslocadas, incluindo médicos, acadêmicos, jornalistas e homens idosos”, afirmou.
As Forças de Defesa de Israel (FDI) não responderam ao pedido da CNN para comentarem as imagens. A CNN localizou geograficamente algumas das imagens em Beit Lahia, ao norte da cidade de Gaza.
A mídia israelense, sem indicar fonte, retratou as imagens como a rendição de membros do Hamas.
“Vimos imagens de muitos cativos, terroristas do Hamas, que as FDI prenderam durante as manobras terrestres”, ressaltou o contra-almirante Daniel Hagari, porta-voz das FDI, em resposta a um jornalista durante uma entrevista coletiva nesta quinta-feira.
Hagari comentou que, na luta contra o Hamas, “aqueles que ficaram na área [de conflito] gradualmente saem”.
“Investigamos e verificamos quem tem ligações com o Hamas e quem não tem. Nós prendemos todos eles e os interrogamos. Continuaremos desmantelando cada uma dessas fortalezas até terminarmos”, afirmou.
Em comunicado divulgado nesta quinta, o meio de comunicação The New Arab, ou Al-Araby Al-Jadeed, disse que um dos seus correspondentes e vários membros da sua família estavam entre os detidos na ação retratada nas imagens.
“Hoje, quinta-feira, o exército de ocupação israelense prendeu o jornalista e diretor do escritório ‘The New Arab’ em Gaza, nosso colega Diaa Al-Kahlot, da Market Street em Beit Lahia, junto com um grupo de seus irmãos, parentes e outros civis”, escreveu Al-Araby Al-Jadeed.
“A ocupação forçou deliberadamente os habitantes de Gaza a tirarem a roupa, revistou-os e humilhou-os quando foram presos antes de os levar para um destino desconhecido, segundo o que as pessoas de lá nos disseram”, complementou.
Hussam Kanafani, editor-chefe da Al-Araby Al-Jadeed, destacou no comunicado que Al-Kahlot e sua família ainda estavam desaparecidos.
“Faremos todos os esforços possíveis, em cooperação com instituições e organizações internacionais preocupadas com os direitos e a liberdade dos jornalistas no mundo, para determinar o paradeiro do nosso colega Diaa e libertá-lo o mais rapidamente possível”, ressaltou Kanafani.
A CNN conversou com um parente de outro homem detido, Hani al-Madhoun, de sua casa nos Estados Unidos.
“As forças israelenses chegaram às ruas e chamaram todos os homens para saírem, e eles obedeceram. Essa casa foi o local de refúgio deles depois que nossas duas casas foram destruídas”, contou.
Al-Madhoun afirmou que estava em contato com a irmã, que está na Faixa de Gaza. Ele relatou que reconheceu o primo Aboud em uma das fotografias e viu o seu irmão Mahmood em um vídeo. Ele observou que Mahmoud é lojista e Aboud “não está envolvido em nenhuma atividade; ele ajuda o pai na construção”.