O apresentador Marcos Mion e sua família foram vítimas dos anúncios criados por golpistas que usam inteligência artificial para recriar a imagem e voz de pessoas famosas. No vídeo, Mion promete a cura do autismo, o que não existe.
“É um vídeo onde eu vendo, a minha voz, vendendo a cura para o autismo. O que é de uma baixeza, assim, porque eu sou um cara que luto tanto pela conscientização do autismo, eu luto tanto”, lamenta o apresentador do Caldeirão.
No anúncio fake, os criminosos usam a voz de Mion para vender um medicamento contra o autismo. O Mion fake cita que seu filho que é portador de autismo, Romeu, está se relacionando melhor e teve crescimento nas notas na escola.
“Usar a minha imagem, com a minha voz, com a minha boca mexendo, para tratar o autismo como uma doença… E pior ainda: vender uma cura milagrosa, que não tem princípio médico embasado de estudo, nenhum, nada. Acima de tudo, o que é pior, a história da evolução do meu filho, do Romeu, dando crédito a isso, a esse tal desse produto”, diz.
Mion afirmou que irá processar a Meta, empresa que controla o Facebook, o Thread e o Instagram.
Além de Mion, William Bonner, Luciano Huck, Dráuzio Varella, Marcos Mion, Sandra Annenberg e Ana Maria Braga foram famosos com suas imagens usadas em anúncios falsos criados por criminosos com inteligência artificial.
Os golpistas usavam a tecnologia para lucrar com anúncios falsos que funcionaram como armadilhas para enganar pessoas nas redes sociais. É uma fraude em cima da outra: uso indevido da imagem, produto falso, golpe financeiro e tudo veiculado na internet.
Além de usar o rosto, os criminosos manipulam a imagem e a voz de pessoas anônimas e famosas em seus anúncios – que eram pagos para serem veiculados, impulsionados e direcionados para públicos específicos.
Mapear esses anúncios fraudulentos é difícil porque não há transparência nas redes sociais. No Brasil, a única que tem uma biblioteca de anúncios com acesso livre a pesquisadores é a Meta.
Nesta ferramenta, o Netlab, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), encontrou 7.618 anúncios fraudulentos só relacionados às empresas ou pessoas que trabalham para o Grupo Globo. O dado mais preocupante: 78% delas são fraudes relacionadas à saúde.
O que dizem as big techs
Questionadas na Justiça, as redes sociais alegam que o marco da internet, de dois mil e quatorze, garante a liberdade de expressão. Mas o marco se refere a opinião, não a anúncios. Para propaganda, não há lei específica no brasil.
O TikTok respondeu em nota que suas políticas de mídia sintética e manipulada deixam claro que ele não permite mídia sintética que contenha a imagem de qualquer pessoa real que não seja pública e não permite mídia sintética de figuras públicas se o conteúdo for usado para endossar ou violar qualquer outra política.
Além disso, segundo a nota, sempre que qualquer pessoa encontrar algum vídeo com conteúdo que acredite violar suas diretrizes, seja ele a respeito de qualquer assunto, é possível fazer a denúncia dentro do próprio aplicativo. E explica: é só manter o vídeo na tela pressionado e um menu irá aparecer. Após isso, selecionar “relatar” e seguir as instruções na tela.