192882c8aaa53f9b4e234a4553bdad21

Reforma tributária: Câmara quer adotar estratégia para PEC não voltar ao Senado

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), prometeu ao governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que votará rapidamente a reforma tributária aprovada pelo Senado nesta quarta-feira (9).


A ideia é evitar que a proposta de Emenda à Constituição (PEC) volte ao Senado. Por isso, a estratégia que está sendo articulada prevê que haja apenas destaques supressivos – ou seja, pedidos para remover trechos específicos do texto, e não para adicionar novos itens.


Pelo regimento do Congresso, uma PEC só pode ser promulgada se Câmara e Senado concordarem com o mesmo texto. Até que isso aconteça, a proposta pode ficar indo e voltando entre as duas Casas por prazo indeterminado.


A própria reforma tributária já foi aprovada pela Câmara em julho, mas voltará às mãos dos deputados em razão das mudanças feitas pelos senadores no texto.


Se a Câmara apenas retirar trechos polêmicos incluídos pelo Senado, mas não fizer novas inclusões, o texto pode ser promulgado sem uma nova rodada de votação.


A estratégia, se funcionar, permitirá que os deputados retirem alguns pontos com potencial para elevar a alíquota do Imposto sobre Valor Agregado (IVA) além dos 27% considerados como um teto plausível.


A proposta inicial do governo trabalhava com um IVA entre 22% e 24%. Na Câmara, após a inclusão de benefícios e exceções, a estimativa subiu para 27%. No Senado, com novas adições, chegou aos 27,5% atuais – índice que incomoda parlamentares e economistas.


Segundo um líder governista no Senado, a Câmara poderá fazer ajustes para melhorar o texto final.


Votação ‘histórica’ e articulação

 


Em entrevista nesta quinta-feira (9), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse estar “confiante” de que a reforma tributária será promulgada pelo Congresso neste ano. Ele afirmou que a equipe da pasta está à disposição do relator na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), para auxiliar na versão final da PEC.


O secretário extraordinário da Reforma Tributária, Bernard Appy, considerou a votação histórica. Ele reconheceu que o número de exceções foi elevado, mas ressalvou que, sem elas, o texto não seria aprovado.


Appy destaca que o mais importante é que a “espinha dorsal da reforma” foi mantida e, com isso, o país conseguirá adotar o IVA no médio prazo, a exemplo dos países desenvolvidos.


A vitória do governo foi importante – ao fim, a reforma teve 53 votos “sim”, quatro a mais que o mínimo necessário. O Palácio do Planalto, no entanto, chegou a correr risco de derrota: até a segunda-feira (6), apenas 46 votos eram tidos como certos.


O governo apostava em outros 10 votos “independentes”, e não conseguiu todos esses. Pressionados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, dois desses senadores mudaram de posição e votaram contra a reforma.


No fim, foi preciso que o senador Davi Alcolumbre (União-AP) assumisse as negociações para garantir a margem mínima e aprovar a reforma. No Senado, a impressão é de que Lula ainda não entendeu que não será suficiente reunir os líderes partidários de vez em quando.


“É preciso uma conversa pessoal com alguns senadores, ou grupo de senadores. Não é só atender um pedido, é preciso fazer um carinho na base aliada. Lula sabia fazer muito bem isso, mas parece que perdeu jeito ou gosto pela coisa”, desabafou um líder governista.


Compartilhar

Facebook
Twitter
WhatsApp
LinkedIn

Últimas Notícias