A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) ironizou neste sábado (11) a delação do tenente-coronel Mauro Cid. Ela disse que o único golpe que ela dá é durante treinos de luta.
O ex-ajudante de ordens do então presidente Jair Bolsonaro disse à Polícia Federal (PF) que Michelle o incitava a não aceitar a derrota para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e dar um golpe de Estado, segundo noticiou nesta semana o portal “UOL”.
“Recebi uma mensagem que meu enteado Duda (Eduardo Bolsonaro) e eu estávamos incitando o golpe. Eu, incitando golpe? Com qual arma? Minha Bíblia poderosa?”, rebateu Michelle Bolsonaro durante evento do PL Mulher no Espírito Santo. “Eu sei dar golpe e quero ensinar para vocês agora: jab, jab, direto, cruzado, up, esquiva, up”, continuou a ex-primeira-dama, encenando os golpes no palco do evento. Ela disse praticar luta todas as terças e quintas-feiras.
Citado por Michelle, “Duda” é o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-RJ). Segundo a delação de Cid, ele formava, ao lado da esposa do ex-presidente e de aliados, um grupo que dizia que Bolsonaro teria o apoio da população e de pessoas armadas, como os Colecionadores, Atiradores Desportivos e Caçadores (CAC) para prosseguir com um golpe de Estado.
Essa não é a primeira vez que a ex-primeira-dama cita os treinos de luta no contexto de investigações que a atingem. Em setembro, antes comparecer para depor na sede da Polícia Federal (PF), em Brasília, sobre o caso da venda de joias da Presidência, Michelle postou um vídeo treinando, com a legenda: “Das porradas da vida, essas são as melhores”.
Em nota, emitida na sexta (10), a defesa do ex-presidente e da ex-primeira-dama disse que as acusações da delação de Cid não são amparadas em elementos de prova.
Ainda na delação, Mauro Cid afirmou que o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) teria incentivado o pai a reconhecer o resultado e admitir a derrota para o petista. A defesa de Jair e Michelle Bolsonaro afirmou que as acusações são “absurdas”, enquanto Eduardo disse que a “narrativa não passa de fantasia, devaneio”.
Responsável pela investigação, o subprocurador-geral da República, Carlos Frederico Santos, disse à CNN na quarta-feira que Cid não apresentou provas do que disse à PF.
“Não foram apresentadas provas. Nós estamos tentando buscar essas provas. A confirmação do que ele falou”, afirmou.
“Então, nós da Procuradoria-Geral da República pedimos uma série de exigências que podem vir a corroborar o que está na delação. Mas dizer que nós temos uma delação forte, que ela sustenta uma denúncia hoje, isso não existe. Amanhã poderá existir”, concluiu o procurador.