Jogos eletrônicos e indústria de games como ferramentas de transformação social tanto no Acre como na Região Norte, além de desenvolvimento econômico regional. Esses foram os aspectos abordados durante o segundo dia da Gamecon Talks Acre, realizado no Campus da Universidade Federal do Acre (Ufac), em Rio Branco, de forma híbrida (presencial e online) até sexta-feira, 22. O foco na segunda etapa da atividade foi estimular o público a empreender no setor no estado.
“O Potencial da Indústria de Jogos na Região Norte e no Brasil”, “Desenvolvimento de Jogos com Identidade Local” e “Jogos e Desenvolvimento Regional: Potencializando a Economia Local” foram algumas das palestras desta quinta-feira, 21. O evento é realizado pelo governo do Acre, por meio da Secretaria de Indústria, Ciência e Tecnologia (Seict) e Fundação de Tecnologia (Funtac), e Ministério da Cultura (Minc), em parceria com os institutos Gamecon e Sapien.
O estímulo ao público parece ter surtido efeito entre os presentes. Formada em Análise e Desenvolvimento de Sistemas, Natália Corsini afirmou que a ação serviu para que ela resolvesse executar um projeto de game idealizado há alguns anos. De acordo com ela, apesar da formação em uma área correlacionada ao setor dos jogos eletrônicos, ela nunca tinha pensado em atuar profissionalmente com isso. A participante também elogiou a iniciativa da conferência inédita.
“Estou achando a dinâmica muito boa. É uma iniciativa maravilhosa por abrir perspectivas que muitas pessoas não imaginariam. Precisamos de mais atitudes como essa para que a gente tenha novas áreas no mercado de trabalho local e outras opções de vida. Ontem assisti uma palestra sobre como montar um estúdio de games e estou muito interessada. Pretendo desenvolver junto com um amigo uma ideia de jogo que ele tem. A ideia é focar nesse projeto agora”, falou Natália.
O jovem Thiago Rosa, que está no 1º ano do Ensino Médio da Escola Estadual Ester Maia, no bairro Cidade do Povo, também foi provocado pelo evento. Desenhista desde pequeno, ele pretende ingressar no mercado de games como ilustrador. “Conversei com um dos palestrantes sobre meus desenhos e recebi muito incentivo dele. A partir de agora vou melhorar meus desenhos, desenvolver outras habilidades e ‘cair de cabeça’ nesse trabalho. Vai ser muito bom”.
Para Assurbanípal Mesquita, secretário de Indústria, Ciência e Tecnologia, a Gamecon Talks Acre está cumprindo o objetivo proposto. “Fico muito feliz de ver centenas de estudantes, jovens e adultos com grande interesse e atenção nos conhecimentos que são repassados aqui. É perceptível que muitos estão saindo daqui com a vontade de trilhar esse caminho e empreender na área, o que gerará muitos empregos futuramente. São iniciativas como essa que transformarão nosso estado”.
Indústria de Games na Amazônia
Ministrante da palestra “O Potencial da Indústria de Jogos na Região Norte e no Brasil”, Olímpio Neto, CEO da PetitFabrik, produtora de jogos eletrônicos da cidade de Manaus, no Amazonas, destacou que o Acre possui um grande potencial para se destacar no setor. Segundo ele, a criatividade, cultura, regionalidade e sustentabilidade do estado acreano e as demais unidades federativas da Amazônia Legal têm todos os aspectos para trazer inovação na indústria de games.
“Foi muito legal poder participar da Gamecon Talks, um evento incrível e necessário para a nossa região. Para nós que moramos na Amazônia, isso é fundamental. Devia ser dever de casa trabalhar esses conhecimentos junto à juventude amazônida, já que essa indústria tem um alcance global e potencial gigantescos. É uma matriz econômica incrível, que preserva a floresta a partir da sustentabilidade e gera crescimento exponencial. Espero que tenha um impacto positivo”, disse.
Bruno Bandeira, presidente do Instituto Gamecon, destacou que a expectativa é gerar novos agentes atuantes na área em todo o estado. Ele observou que, a partir da ação, mecanismos podem ser implantados para o desenvolvimento da área nas 22 cidades acreanas. “Queremos que, a partir das abordagens daqui, inclusive com o Gamecon Govtech, surjam mais demandas locais, o mercado se adense e os primeiros passos aconteçam. A rede vai começar a fechar os elos”, disse.