Jovem com bala alojada no cérebro não sabia o que estava acontecendo, diz médico

O médico cirurgião Pablo Ruan, que atendeu no pronto-socorro de Rio Branco 10 jovens baleados durante uma festa chamada Baile de Rua, na madrugada desse domingo, 13, escreveu um relato emocionante sobre o caso.


Segundo o profissional, ele e sua equipe iniciaram o dia dos pais atuando como pais. “Receber 10 jovens baleados numa sala de trauma pequena, não foi fácil. Mas digo jovens mesmo, com 14, 16, 18 anos”.


Ruan detalhou os momentos em que um dos jovens pediu para que o médico fizesse uma oração com ele enquanto era passado um dreno no tórax da vítima. “Outra não sabia o que realmente estava acontecendo, mas tinha um projétil alojado no cérebro enquanto eu explicava pra ela que precisava fazer ela dormir um pouco (sem assustá-la pois me preparava pra intubar)”.


De acordo com o cirurgião, ele e sua equipe praticamente viraram pais desses jovens naquele momento. “Todos muito abalados e mostrando suas fragilidades ao pedirem “não deixa eu morrer”. Ainda bem que esses jovens que chegaram até nós puderam encontrar outros jovens que estavam prontos para cuidar deles da melhor forma dentro de um cenário que não é ideal, afinal nenhum médico se prepara pra uma chacina numa madrugada dos pais”.


Pablo afirma ter orgulho de sua profissão, de sua equipe e de saber que mesmo com pouco conseguem fazer muito. “E antes que alguém pense algo sobre quem são esse jovens, nós médicos não estamos aqui pra fazer juízo de valor. Viva a medicina, viva o SUS. Que esses jovens encontrem caminhos melhores pela frente! Feliz dia dos pais!”, concluiu.


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