A Polícia Federal deve marcar para quarta-feira (12) um novo depoimento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Bolsonaro deve ser ouvido em desdobramento das investigações sobre a suposta participação do senador Marcos do Val (Podemos-ES) numa trama golpista. A PF quer ouvir outros personagens que teriam interagido com o parlamentar.
Em 16 de junho, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que o ex-presidente preste novo depoimento à Polícia Federal. Esse será o quarto depoimento dele autorizado este ano pelo STF.
Em fevereiro, Do Val acusou Bolsonaro e o ex-deputado Daniel Silveira de organizarem uma reunião, no fim de 2022, para propor o envolvimento do senador em um plano de golpe de Estado. Em junho, Marcos do Val foi alvo de uma operação da Polícia Federal, que investiga obstrução de investigações sobre os atos golpistas do 8 de janeiro.
A PF encontrou conversas entre o senador e Daniel Silveira, indicando que agiram em conjunto na tentativa de sabotar investigações relacionadas aos atos golpistas, além de fazer ataques ao Supremo Tribunal Federal, à PF e a outros envolvidos nas apurações. Chamaram também atenção dos investigadores as várias mudanças de versões do senador sobre a suposta articulação de golpe de estado.
PF já ouviu Daniel Silveira
No fim de junho, policiais federais ouviram o ex-deputado federal Daniel Silveira, que está preso em Bangu 8, no Complexo de Gericinó, no Rio de Janeiro, desde fevereiro por descumprir medidas cautelares definidas pelo STF – como o uso de tornozeleira eletrônica e a proibição de usar redes sociais.
Segundo fontes da PF, Silveira recebeu bem a equipe da PF, mas contou uma versão já ensaiada dos fatos que não convenceu os investigadores – “uma versão muito mal contada”, disse uma fonte.
Outros depoimentos de Bolsonaro
Desde que deixou a Presidência da República, Jair Bolsonaro já prestou depoimento à PF em, pelo menos, três ocasiões.
No início de abril, ele foi ouvido no inquérito que apura a tentativa de liberação de joias doadas pelo regime saudita, avaliadas em R$ 5 milhões. O material entrou irregularmente no país e foi apreendido. No fim do mandato, uma equipe da presidência tentou reavê-lo junto à Receita, sem sucesso.
No depoimento, Bolsonaro alegou que ficou sabendo das joias sauditas um ano depois, mas não se lembra de quem o avisou.
No fim de abril, Bolsonaro prestou depoimento no inquérito que apura os atos golpistas de 8 de janeiro. Ele é suspeito de ter incitado os ataques. Aos policiais, o ex-presidente disse que estava sob efeito de remédios quando publicou um vídeo com ataques infundados ao sistema eleitoral.
Já em maio, Bolsonaro foi ouvido no inquérito que apura fraude em cartões de vacina dele, da filha e de auxiliares. O ex-presidente negou ter dado ordens para inserir dados falsos sobre vacina no sistema do Ministério da Saúde.