Um homem que trabalhava clandestinamente como vigia no bairro Cerâmica, no centro de Rio Branco, e foi flagrado junto de outro homem agredindo um morador de rua enquanto este catava lixo, foi denunciado à justiça pelo Grupo de Atuação Especial na Prevenção e Combate à Tortura (GAEPCT), do Ministério Público do Acre.
Em um vídeo divulgado com exclusividade pelo ac24horas em 11 de maio, “Pastor” é flagrado por câmeras de segurança, junto de um comparsa, agredindo um morador de rua que catava lixo, durante a noite do dia 10. No vídeo, ele coloca a vítima de joelhos, e posteriormente deitado, enquanto diz: “Sabe quem eu sou? Sou o pastor e esse pastor aqui é do milagre. Tá entendendo, porra? O pastor aqui faz milagre, meu filho”, tudo isso enquanto golpeia a vítima a pauladas. O vídeo foi entregue ao MPAC, que conseguiu identificar os agressores e solicitou a prisão preventiva dos vigilantes. No entanto, os dois suspeitos foram colocados em liberdade logo em seguida.
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Em outro vídeo ao qual o GAEPCT teve acesso, gravado pelo celular do acusado, “Pastor” aparece espancando e torturando um adolescente, que está algemado pelo braço direito e preso a uma peça fixa, em outra ocasião. O jovem está deitado no chão e implora para que os castigos cessem. Durante a sessão de tortura, o agressor faz perguntas sobre um furto em uma oficina, e sob os espancamentos, o adolescente acaba confessando o crime e prometendo nunca mais cometer furtos. Em um momento perturbador, o “Pastor” bate no menino algemado e afirma: “O Pastor aqui é milagroso”. Em seguida, ele pergunta ao garoto se ele quer ir para o céu ou para o inferno, como se tivesse o poder de decidir o destino do jovem.
Segundo o promotor de Justiça Walter Teixeira Filho, autor da denúncia, o vídeo em que o “Pastor” aparece torturando o adolescente pode ser anterior às filmagens do espancamento da pessoa em situação de rua no bairro Cerâmica. A denúncia busca levar o acusado novamente à prisão, visando a proteção das vítimas e a garantia de que o acusado seja responsabilizado pelos seus atos.
A expectativa é de que o caso seja analisado pela Justiça Criminal, e o promotor Walter Teixeira Filho espera que a prisão preventiva do “Pastor” seja decretada, evitando assim que ele continue a praticar atos de violência contra outras pessoas.
O Sindicato das Empresas de Vigilância e Transporte de Valores do Estado do Acre – Sindesp, publicou uma nota afirmando que tanto “Pastor” quanto o comparsa não pertencem ao quadro de funcionários de qualquer empresa de segurança privada no Estado do Acre, portanto, não podem ser chamados de vigilantes.