Com mais um tombo no primeiro quadrimestre, a produção e as vendas internas da indústria química brasileira estão nos níveis mais baixos em 17 anos.
Segundo dados divulgados nesta sexta-feira (30), a produção nacional recuou 13,1% e as vendas internas tiveram queda de 8,8% de janeiro a abril, na comparação com o mesmo período do ano passado.
Além da baixa disponibilidade de gás e das baixas demandas internas, influenciadas pelos juros altos, dois fatores são destacados pela Abiquim (Associação Brasileira da Indústria Química): os efeitos da retirada do Regime Especial da Indústria Química (Reiq), que baixava as alíquotas de PIS-Cofins, e a redução das tarifas de importação de algumas resinas termoplásticas, que tirou competitividade de produtos fabricados no Brasil e elevou as compras da Ásia.
Com os números negativos, o nível de utilização da capacidade instalada caiu oito percentuais desde o primeiro quadrimestre do ano passado e ficou em 67% na média de janeiro a abril de 2023.
O cenário internacional também foi destacado pela Abiquim. Muitas expansões de capacidade entraram em operação nos Estados Unidos e na China, nos últimos meses, contribuindo para um desbalanceamento momentâneo entre oferta e demanda de produtos químicos no mercado global.
A indústria brasileira tem defendido uma queda mais rápida das taxas de juros — hoje em 13,75% ao ano — e o lançamento de um programa para aumentar a disponibilidade de gás natural no país.
No Brasil, o gás hoje tem baixo uso como matéria-prima industrial e preços muito elevados. O preço gira em torno de US$ 14 por milhão de BTU (unidade de referência no setor), enquanto indústrias na Europa e nos Estados Unidos costumam pagar menos de US$ 5.
A Abiquim levou recentemente ao Ministério de Minas e Energia um plano que prevê investimentos de R$ 70 bilhões em novas unidades industriais, principalmente de insumos para fertilizantes, desde que haja barateamento do gás.