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Política de preços da Petrobras é confusa e pouco transparente, dizem especialistas

nova política de preços da Petrobras, anunciada nesta terça-feira (16), causou dúvidas entre especialistas do setor. O único ponto mais claro é que a empresa decidiu encerrar a política de paridade de importação (PPI), que guiava os preços dos combustíveis desde 2016.


Com a PPI, o receituário oficial de preços era orientado pelas flutuações do preço do barril de petróleo no mercado internacional e pela cotação do dólar.


Por um lado, havia alguma previsibilidade de preços. Por outro — motivo de crítica dos membros do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) — o valor dos combustíveis ficava refém do mercado de commodities e do câmbio.


Passado esse ponto, analistas ouvidos pelo g1 entendem que as variáveis indicadas pela estatal para a nova calibração dos preços do diesel e da gasolina são muito abertas, o que tira previsibilidade do aumento ou redução dos valores de combustíveis.


Petrobras afirma que levará em conta:


o custo alternativo do cliente, como valor a ser priorizado na precificação;


o valor marginal para a Petrobras.


 


A empresa explica que o custo alternativo do cliente contempla “as principais alternativas de suprimento, sejam fornecedores dos mesmos produtos ou de produtos substitutos”.


Em outras palavras, isso significa que a decisão da Petrobras será influenciada pelos valores de combustíveis concorrentes.


Já o valor marginal é baseado no “custo de oportunidade dadas as diversas alternativas para a companhia dentre elas, produção, importação e exportação do referido produto e/ou dos petróleos utilizados no refino”.


Também traduzindo a linguagem do comunicado, isso impede, por exemplo, que a Petrobras venda combustíveis a um preço muito baixo, até mesmo menor do que os custos de produção ou importação, dependendo de cada situação.


De acordo com Mateus Pazin Haag, analista da Guide Investimentos, a mudança da política de preços havia sido antecipada tanto pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, como pelo presidente da Petrobras, Jean Paul Prates. Ainda assim, a sensação é de que as mudanças poderiam ser mais detalhadas.


“O principal ponto é que não sabemos qual é o peso de cada um desses dois fatores no cálculo do preço de combustível. Nem sabemos qual vai ser o tamanho reajuste no curto prazo. Fica difícil mensurar o impacto dessa notícia”, afirma.


 


Segundo Milad Kalume, gerente de desenvolvimento de negócios da Jato Dynamics, a nova política de preços tira um pouco da volatilidade de eventos passageiros do preço dos combustíveis, o que é positivo.


Por outro lado, também permite uma “omissão” da Petrobras em fenômenos mais representativos dentro do mercado de combustíveis.


“É bom que o consumidor final não vai sentir tanto os efeitos diretos da alteração de preço do combustível internacional. Mas isso pode trazer à tona uma situação que a gente já viveu no passado de Petrobras: você deixa aí uma margem de manobra política para a empresa”, diz Kalume.


Bruno Cordeiro, analista de Mercado para Petróleo da StoneX, vai em direção parecida e destaca que o mercado, agora, está repleto de “incertezas e indefinição”, por conta da falta de clareza no anúncio da companhia.


“O anúncio do fim da PPI acaba dando uma capacidade de arbitragem para a Petrobras, porque a empresa não precisa mais seguir os preços no exterior”, comenta Cordeiro.


 


“Isso traz imprevisibilidade para as operações da companhia, que pode aumentar ou diminuir os preços dos combustíveis sem a definição de uma regra clara, ainda”, prossegue.


Também não fica claro qual será o impacto no bolso do consumidor. Segundo os cálculos do analista, pela PPI há um espaço de redução de R$ 0,39 no preço do diesel e de R$ 0,57 na gasolina. Mas, com a nova política, os especialistas não sabem se e quando haverá redução no valor.


Já para Pedro Rodrigues, sócio do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), nenhuma das variáveis apontadas pela Petrobras traz clareza de como influenciarão os preços em toda a cadeia de combustíveis.


“É um prejuízo ao acionista, que não vai saber qual a precificação da companhia. É ruim para a distribuidora, que não sabe se é hora de esperar, se o combustível vai subir ou descer. E é ruim para o consumidor, que também fica em dúvida”, afirma.


“Em resumo, a nova política tira transparência dos preços e permite que a empresa faça qualquer coisa”, finaliza.


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