“Comprovada a negligência dos profissionais envolvidos, a estes serão aplicadas as sanções cabíveis”, disse a prefeitura (Leia a nota na íntegra abaixo).
“Se foi e não volta mais, meu filho lutou pela vida, pediu socorro, mas ninguém ajudou”, disse a mãe nesta terça-feira (26) em entrevista ao g1. Cleiton deixou um filho de 4 anos.
Conforme um amigo da vítima, que preferiu não se identificar, Cleiton derrapou de moto e bateu o guidão no joelho, mas, como não havia sido um acidente grave e ele não tinha ferimentos aparentes, ele não procurou um médico no dia.
No entanto, ele passou a sentir dores no joelho e, como elas não cessavam, ele procurou o posto de saúde de Entre Rios no dia 18 de julho, três dias após o acidente. A mãe de Cleiton contou que o filho chegou a ser medicado e, em seguida, retornou para a casa.
No dia seguinte, ele voltou ao posto para pegar um encaminhamento para fazer um raio-x numa unidade de saúde em Caroebe. Ele foi atendido, mas a equipe de saúde avaliou que não poderia fazer a remoção para a sede do município, porque, para eles, não se tratava de um caso urgente, como uma fratura exposta.
“Uma pessoa desse tipo, que nega um atendimento, uma ambulância para um paciente. Isso não pode acontecer. Se chegar a acontecer com a criança? Não é a primeira vez que acontece caso parecido. Isso é sério!”, questionou a mãe.
Na quarta-feira (20), ele conseguiu ir até a unidade da sede do município no carro de um amigo, fez o raio-x, foi avaliado pelo médico e liberado novamente.
As dores pioraram na quinta-feira (21) e ele decidiu retornar ao posto de saúde de Entre Rios. Cleiton pediu para ser levado à sede, mas apenas à noite a ambulância fez a remoção dele de Caroebe para o Hospital de Rorainópolis.
“Já tinha passado da hora. Levaram à noite. Ele esteve no posto de manhã, enrolaram, enrolaram, e foram levar à noite. Não só eu, mas toda a população está indignada com o que aconteceu. Era uma pessoa que tinha saúde, tinha tudo, simplesmente foi uma negligência”, disse o amigo.
Durante a remoção, segundo a mãe, o filho já não apresentava mais sinais de pressão arterial. Ele foi internado no Hospital de Rorainópolis e, no sábado (23), entrou em coma. Para a mãe, a situação do filho se agravou porque houve demora no atendimento inicial, quando ele procurou o posto de saúde pela primeira vez.
“Fizeram só aquela rotina de atendimento, não levaram mais pra frente. Aí quando foram levar, já havia passado [o tempo]”, citou a mãe.
Como o estado dele se agravou, Cleiton precisou ser transferido para Hospital Geral de Roraima (HGR), em Boa Vista. Porém, ele morreu no trajeto, quando a ambulância passava por Caracaraí. Com a morte, o corpo voltou para Rorainópolis, onde foi liberado para a família. A mãe diz que o filho morreu por infecção generalizada.
Em nota, a prefeitura afirmou que o posto de Entre Rios dispõe de estrutura e equipe para atender a população, o que não justificaria a recusa por parte da unidade.
Embora a prefeitura já apure o que aconteceu, o amigo de Cleiton disse que vai denunciar formalmente o caso na Ouvidoria dos órgãos de Saúde de Caroebe nessa quarta-feira (27).
Nota da prefeitura de Caroebe
A Prefeitura de Caroebe por meio da Secretaria de Saúde, informa que já está realizando as diligências de investigação do caso, tanto à respeito da remoção, quanto do atendimento realizado na unidade.
O distrito de Entre Rios, conta com motoristas, técnicos de enfermagem, duas enfermeiras e uma médica, além de 02 (dois) veículos disponíveis 24h para remoções, sendo uma ambulância para casos urgentes e uma pick-up para casos de menor complexidade. Assim, a possível recusa por parte da UBS não se justifica.
Comprovada a negligência dos profissionais envolvidos, a estes serão aplicadas as sanções cabíveis.
Manifestamos nossas condolências aos familiares e amigos, ratificando que compartilhamos de seus sentimentos e estamos a disposição para maiores informações.
Fonte: G1 RR