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O mistério do coronel britânico Percy Fawcett, que sumiu na floresta do Mato Grosso após passar pelo Acre

Plácido de Castro fotografado pelo coronel Petci Fawcett no Seringal Benfica. Foto: reprodução
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O Acre, no início do século passado, foi referência e ponto de partida no Brasil de um dos maiores aventureiros de que se tem notícia no mundo moderno, um personagem real de um filme cujo roteiro, com o rol de todas as suas aventuras, ainda não foi feito – embora especule-se que o personagem “Indiana Jones”, do épico “As Minas do Rei Salomão”, interpretado pelo ator norte-americano Harison Ford, tenha sido inspirado em Percy Harrison Fawcett, uma mistura de Sherlock Holmes e Indiana Jones, que andou em terras acreanas.


Parte dos homens que integraram a expedição original de Percy Fawcett. Foto: reprodução

Coronel do exército britânico e fiel súdito da realeza inglesa, o militar e aventureiro foi capaz de juntar em suas loucuras dignas de uma obra cinematográfica personagens reais como o rei inglês Eduardo VII, que reinou até 1910, o herói da libertação das terras acreanas do jugo boliviano, José Plácido de Castro, o então presidente brasileiro Epitácio Pessoa, o militar e indigenista Marechal Cândido Rondon, o indigenista Orlando Vilas-Boas e até o jornalista Assis Chateubriand, que, na época, dirigia um império de comunicação no Brasil só comparável, nos dias de hoje, ao poderio da Rede Globo de Televisão. Por fim, o homem capaz de tamanha aventura no coração do Brasil, sumiu na selva de Mato Grosso, havendo fortes indícios de que ele e sua comitiva tenham sido literalmente devorados por índios canibais que infestavam aquela região do Brasil naqueles anos.


Coronel Petcy Fawcett é estátua e motivo de orgulho o em Barra dos Garças. Foto: reprodução

Percy Fawcett travou contato com o Brasil em 1906. Por aqui, com o Acre já conquistado a bala das mãos dos bolivianos, ele acabaria se encontrando com José Plácido de Castro em seu seringal “Benfica”, às margens do rio Acre, segundo os professores Alceu Ranzi e Evandro Ferreira, da Universidade Federal do Acre (Ufac), conhecedores da história do militar britânico e que se ocuparam como cientistas de suas histórias rocambolescas.


Apaixonado por fotografia, o coronel documentou suas próprias aventuras e chegou a fotografar Plácido de Castro em sua propriedade, ao lado de dois cães de guarda, quando o gaúcho já era uma espécie de prefeito e intendente da incipiente Vila Rio Branco, recém-conquistada dos bolivianos.


o coronel sozinho Coronel britânico teria sido devorado por índios canibais no Brasil. Foto: reprodução

De acordo com os dois professores, antes de vir parar no Acre, Percy Fawcett andou pelos continentes africanos e asiáticos, mas foi na América do Sul que ele encontrou sentido para sua vida inquieta. Depois de ter servido no Ceilão e no Sry Lanka, como militar ou como espião do serviço secreto inglês em, em suas andanças, acabou chegando ao Peru e à Bolívia. Um dia desceu a cordilheira e chegou ao planalto do Acre, onde seria fundada a cidade de Brasiléia, em 1910, e em seguida desceu o rio rumo à incipiente Vila Rio Branco, então http://ecosdanoticia.net/wp-content/uploads/2023/02/carros-e1528290640439-1.jpgistrada por Plácido de Castro, que havia recebido do exército nacional a patente de coronel e já era saudado como herói brasileiro pela derrota imposta aos bolivianos na tomada do Acre. A passagem pelo Acre era, na verdade, uma prospecção do militar britânico, que queria penetrar no coração do Brasil, nas selvas do Mato Grosso em busca do que acreditava existir: uma cidade perdida, uma espécie de Atlântida tropical, com ruas e templos banhado em ouro. Ao projeto de busca pela cidade, Percy Fawcett deu o nome de “Cidade Perdida de Z”, uma espécie de Eldorado brasileiro.


Após os primeiros contatos, com a confecção de mapas e outros estudos, em três meses de preparo, no dia 20 de abril de 1925, Fawcett, seu filho Jack e um amigo desse partiram de Cuiabá para nunca mais serem localizados. Uns dizem que o trio teria encontrado a passagem para outras dimensões; outros afirmam que os três teriam sido devorados por índios locais. Chegou-se até a especular que Fawcett teria vivido mais de três décadas “numa cidade subterrânea, escondida sob a Serra do Roncador”, atual destino de aventureiros e esotéricos, a região tem até um aeroporto para extraterrestres, localizado em Barra do Garças, cidade mato-grossense que abriga também uma estátua em homenagem a Fawcett.


O governo brasileiro foi envolvido nas aventuras do coronel inglês porque ele usou sua influência para fazer com que o embaixador da Inglaterra no Brasil o levasse ao então presidente da República do Brasil, Epitácio Pessoa, a quem pediu financiamento para sua aventura. O presidente brasileiro condicionou a ajuda ao envio de uma comitiva de brasileiros para acompanhá-lo, uma sugestão do assessor do presidente para assuntos indígenas, o marechal Cândido Rondon, pelo visto já com um pé atrás em relação ao aventureiro.


No contato com as autoridades brasileiras, Fawcett parecia querer, sozinho e do seu jeito, encontrar ouro e obter fama internacional. Para o correspondente Larry Rohter, autor da biografia do militar, orgulho, excesso de confiança e um certo amadorismo em terras inexploradas seriam alguns dos motivos do fracasso da última viagem de Fawcett.


Tudo teria começado, na cabeça de Faecett, com uma viagem ao atual Sri Lanka como oficial da Artilharia Real britânica, onde se interessou por arqueologia. Foi ali que Fawcett descobriria misteriosas inscrições em uma rocha que, anos mais tarde, ele mesmo estabeleceria relações com o Documento 512, um mapa de 1754 de uma Cidade Perdida, guardado na Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro. “O manuscrito é considerado o único mapa conhecido de uma cidade perdida no centro do Brasil e sua existência vem, ao longo dos anos, motivando inúmeras pesquisas”, descreve a Fundação Biblioteca.


Ainda de acordo com a BN, nas décadas seguintes, o documento seria inspiração para obras como “As Minas de Prata”, de José de Alencar, e “As Minas do Rei Salomão”, clássico de Rider Haggard. Aliás, Fawcett receberia das mãos de Haggard, cujo filho havia morado no Mato Grosso, uma misteriosa estatueta de basalto com letras desconhecidas. Na mente fértil do coronel, aquela era uma espécie de chave de entrada para a Atlântida brasileira. Entre 1906 e 1924, foram sete viagens exploratórias na América do Sul, incluindo passagens por Corumbá, no Mato Grosso do Sul, e Rio Verde, “lugar onde ninguém entrara antes”, segundo Hermes Leal. Como lembra o jornalista, as viagens de Fawcett eram muitas vezes marcadas por perrengues, como a descida do Rio Acre, onde o coronel encontraria barreiras naturais como 120 corredeiras e se alimentaria de macacos; e redemoinhos em rios da Bolívia que tragavam “embarcações inteiras, incluindo a tripulação”, segundo o próprio escreveu em seus diários. Em uma de suas últimas notícias, antes de desaparecer no Brasil, Fawcett pedia para a família não enviar nenhum tipo de resgate, em caso de fracasso da expedição. Nas décadas seguintes, a imprensa mundial faria, justamente, o contrário. Acredita-se que a Cachoeira São Francisco, na Rota Franciscana, foi um dos locais por onde teria passado Fawcett Seu desaparecimento foi uma fonte inesgotável de histórias que produziria uma infinidade de notícias. Três anos depois de seu desaparecimento, se assistiria à uma corrida pelo paradeiro de Fawcett, em empreitadas como a Expedição Dyott com o caçula Brian Fawcett, em 1928; e a viagem sensacionalista de Edmar Morel. Brian Fawcett, com índio Kalapalo, financiados por ninguém menos que o magnata da comunicação Assis Chateubriand, em 1925.


O que se sabe é que, ao entrar na selva, acompanhado de um ajudante de seu filho mais velho, Fawcett carregava várias malas no lombo de burros. Eram malas inglesas, de marca, cujos adereços, anos depois foram encontrados adornando o pescoço de índios, num claro sinal de que aquelas pessoas haviam entrado em contato com o dono daqueles pertences. Como na época havia informações de que, vez ou outra, os índios abatiam inimigos e comiam o que deles restava, concluiu-se que o aventureiro inglês, seu ajudante e seu primogênito viram comida de índios, o que os filmes de aventura que se baseiam em suas histórias e aventuras, não contam.


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