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Desembargador do AC pede na Justiça casa onde sua ex-doméstica mora com 16 parentes desde 1993. Defensores públicos deixam família “na mão”

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O desembargador Pedro Ranzi move uma ação em que pede a reintegração de posse de um terreno onde moram 16 pessoas da mesma família, no Bairro Conquista, em Rio Branco. O imóvel, de acordo com registros oficiais da prefeitura, pertenceu à dona-de-casa Valdecir Brito até 1999. A mulher trabalhou como doméstica para o magistrado por 12 anos e, hoje, aos 61 anos, diz que o terreno lhe foi dado como pagamento da indenização, numa negociação pessoal feita com o irmão do desembargador, o professor e geógrafo Alceu Ranzi, que mora fora do Acre. A carteira de trabalho dela está assinada por Pedro Ranzi.


A família diz estranhar que, na prefeitura da capital, o desembargador só apareça como dono do terreno a partir de 2005. A certidão emitida pelo Sistema Integrado de Administração Tributária e apresentada pelo desembargador como prova, só foi emitida pelo município em 2014. Porém, desde 1989, toda a documentação legal dos órgãos públicos para aquele endereço (IPTU, faturas de energia e água) sempre chegaram em nome da ex-doméstica.


A reportagem  teve acesso aos documentos (veja abaixo) que, de fato, estão em nome da mulher, inclusive uma fatura de energia enviada pela antiga Eletroacre nos anos de 1993, 1994 e 1995, e, a mais recente, pela Eletrobrás Distribuidora, datada do mês passado (2016). “Eu nunca assinei documento nenhum transferindo minha casa para ninguém. Está sendo muito difícil lutar por justiça contra uma pessoa que tem influência em todos os cantos”, disse Valdecir. “Nunca esperei isso dele”.


O desembargador alega que aquele imóvel, situado na Rua Abelha, lhe pertence, tendo sido, habitualmente, usado como depósito. Na petição que deu origem ao pedido de reintegração de posse, Pedro Ranzi argumenta que dona Valdecir mora no imóvel há apenas um ano. Ranzi leva em conta o documento emitido pela prefeitura em seu nome.


Na área, moram o filho de dona Valdeci, que é casado, o irmão dela, que também foi funcionário de Pedro Ranzi, e sua mãe, uma idosa de 83 anos. As construções em madeira foram feitas desde que dona Valdeci tomou posse da área, em 1989. “Nossa relação sempre foi amigável. Foi ele (o desembargador) que nos trouxe de Cruzeiro do Sul, quando ele era juiz”, diz Iran Brito, filho de dona Valdeci. A família evita falar num possível tráfico de influência exercido pelo desembargador, mas confirma que quatro defensores públicos se negaram a defendê-la contra o magistrado. “Todos eles se disseram impedidos, inclusive por motivos banais. Uns disseram que são amigos do desembargador e outros alegaram que têm parentes próximos da família dele”, disse Iran. O rapaz disse que mantinha conversas amistosas com o desembargador no Whatsapp, há poucos dias. Porém, diz ele, o magistrado deixou de se comunicar sem dar explicações.


Esta reportagem foi finalizada às 19.30h deste domingo. O desembargador não foi localizado para falar sobre o assunto. A audiência está marcada para às 11 horas desta segunda-feira (05), na quarta vara do Juizado Especial Cível de Rio Branco. Como testemunhas o desembargador indicou um funcionário seu que trabalha numa fazenda de sua propriedade e o cunhado de seu irmão.


 


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