O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), pretende visitar Jair Bolsonaro (PL) no regime fechado nas próximas semanas, segundo aliados afirmaram ao Globo. No sábado (22), o ex-presidente foi preso preventivamente na sede da Polícia Federal, em Brasília.
Um encontro entre os dois estava marcado para 10 de dezembro, na casa de Bolsonaro. A visita tinha sido autorizada há dez dias pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Com a prisão preventiva transferida para o regime fechado, os agendamentos de encontros do ex-presidente com políticos e amigos foram todos suspensos.
Segundo o Globo apurou, Tarcísio vai aguardar as decisões sobre o regime de visitas ao aliado para poder requerer sua entrada no rol de visitantes. Na ocasião, além da “questão humanitária”, como o governador disse após outros encontros, também será discutida a eleição de 2026, a exemplo do que ocorreria no encontro de 10 de dezembro.
“Acredito que o governador iria falar com o Bolsonaro sobre eleição, sim, mas não de forma específica sobre ele concorrer a presidente. Ele iria falar que o ano estava virando e que as composições estaduais, regionais e federais precisam ser feitas, e que chegaria a hora de o presidente tomar algumas decisões, mas não especificamente sobre ele. Só que uma coisa puxa a outra. E se o presidente não tratasse de uma candidatura federal com ele, tudo estaria entendido que seu caminho seria a reeleição (à governador)”, diz um importante aliado de Tarcísio.
A prisão de Bolsonaro e os impactos nas eleições de 2026 devem ser assunto de um jantar na noite desta segunda-feira, em São Paulo, que reunirá os governadores Tarcisio, Cláudio Castro (RJ), Eduardo Leite (RS), Ronaldo Caiado (GO) e Romeu Zema (MG), além dos deputados federais Arthur Lira (Progressistas), Guilherme Derrite (Progressistas) e Hugo Motta (Republicanos).
Jogando parado
Com o cenário da eleição ainda indefinido após a prisão de Bolsonaro na Polícia Federal, Tarcísio deve manter a postura dos últimos três meses, quando passou a declarar publicamente que será candidato à reeleição em São Paulo — ou seja, seguirá “jogando parado” até que a candidatura presidencial da direita seja definida. Aliados veem dois motivos para a manutenção da rota: a prisão de Bolsonaro é muito recente e há o “fator filhos”, que tem grande potencial de causar confusão na direita.
“É muito cedo para tomar decisões, a prisão está fresca e precisamos esperar”, diz o líder de um dos partidos do centrão.
Na Assembleia Legislativa de São Paulo, deputados aliados ao governador afirmam que ele seguirá com os “pés nas duas canoas”, sem definir a rota de 2026, inclusive com medições de pesquisas nacionais diárias. Para um deles, Tarcísio sabe que ainda precisa do aval de Bolsonaro para uma candidatura presidencial, mas vê o caminho para a reeleição como “menos custoso” do que uma empreitada nacional.
De qualquer forma, o deputado estadual Danilo Campetti (Republicanos) diz que a base governista vai apoiar qualquer decisão.
“Sabemos que o Tarcísio tem capacidade para gerir São Paulo e o Brasil, e estaremos com ele independentemente da escolha que o governador e o ex-presidente Bolsonaro fizerem”, diz Campetti.