Apesar das flutuações nos preços internacionais do petróleo ao longo do primeiro trimestre deste ano, as principais companhias de óleo e gás da América Latina têm mantido seus planos de investimento, segundo análise do Goldman Sachs.
O banco atualizou suas projeções para PetroRecôncavo (RECV3), YPF, Brava Energia (BRAV3) e Ecopetrol após a divulgação dos resultados trimestrais e da nova conjuntura macroeconômica. Petrobras (PETR4), Vista e PRIO (PRIO3) já haviam sido revisadas anteriormente.
A leitura geral dos balanços indica que as empresas reconhecem a instabilidade no preço do barril, mas ainda não enxergam necessidade de alterações imediatas nos orçamentos. A exceção ficou por conta de Brava Energia, que anunciou o adiamento de 15% de seu plano de investimentos para este ano, e da Vista, que suspendeu sua projeção original de gastos após uma aquisição recente.
A Petrobras reiterou sua projeção de investimento para o ano, mantendo o plano de US$ 18,5 bilhões. Segundo o Goldman Sachs, a estatal brasileira reforçou que o portfólio atual possui uma média de breakeven em torno de US$ 28 por barril. A companhia também sinalizou que está elaborando um novo plano estratégico já levando em conta os preços atuais do petróleo. A produção deve crescer 7% em 2025, de acordo com estimativas do banco.
A argentina YPF manteve sua previsão de investir US$ 5 bilhões no ano, embora tenha ressaltado que possui margem para reavaliar esse montante se necessário. A área de Vaca Muerta, principal foco de desenvolvimento da empresa, tem um tempo de maturação relativamente curto, o que, de acordo com o Goldman Sachs, permite maior flexibilidade operacional. A produção da petroleira argentina deve crescer 10% neste ano, puxada por um avanço de 34% na extração de óleo de xisto.
No caso da Vista, a empresa está reavaliando suas projeções após adquirir os ativos da Petronas Argentina. O Goldman Sachs estima que a companhia perfure 52 poços em 2025, dentro de seu portfólio orgânico, número que pode indicar uma leve desaceleração em relação à previsão anterior de 52 a 60 poços.
O objetivo declarado da empresa é priorizar a estabilidade financeira após a transação. O banco elevou seu preço-alvo para as ações da Vista de US$ 56,60 para US$ 62, com base em um múltiplo valor da companhia em relação ao lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ev/Ebitda) para 2028 ajustado de 3,2x para 3,5x, considerando menor custo de capital na Argentina.
Planejamento, projeções e recomendação
Entre as petrolíferas brasileiras de menor porte, a PetroRecôncavo manteve suas metas de crescimento e afirmou que tem flexibilidade na execução do orçamento. A expectativa do Goldman Sachs é de crescimento de dois dígitos na produção em 2025.
Já a Brava Energia optou por postergar parte dos investimentos previstos para o ano seguinte, o que deve provocar uma retração de 4% na produção estimada para 2026. O banco ajustou o preço-alvo da ação da Brava de R$ 17,60 para R$ 15,80, mesmo considerando uma revisão positiva da produção deste ano devido ao desempenho do campo de Atlanta.
A colombiana Ecopetrol também decidiu manter seu planejamento de produção e investimentos para o ano. Segundo a companhia, há uma flexibilidade de US$ 500 milhões no orçamento, valor que pode ser redirecionado entre diferentes áreas da empresa. O Goldman Sachs revisou levemente para baixo as estimativas de Ebitda para 2026 e 2027, e ajustou o preço-alvo das ações de US$ 7,10 para US$ 6,80.
O banco também atualizou as projeções financeiras dessas companhias. No caso da PetroRecôncavo, a produção estimada para este ano foi revisada em -1%, enquanto as projeções de Ebitda ajustado foram elevadas em 2% para 2024, 3% para 2025 e 6% para 2026. O custo de capital (Wacc) nominal em reais foi reduzido de 14,7% para 14,3%, levando em conta uma queda nas taxas livres de risco no Brasil. O novo preço-alvo para RECV3 foi definido em R$ 16,50, ante R$ 15,40 anteriormente.
Para a YPF, a produção prevista foi mantida, com revisão positiva nas projeções de Ebitda ajustado: +1% para 2024, +3% para 2025 e +4% para 2026. O múltiplo de avaliação usado segue em 3,9x Ev/Ebitda para 2028, e o preço-alvo foi elevado para US$ 41,60 (antes US$ 38,60).
No caso da Ecopetrol, a produção foi mantida, mas o Ebitda ajustado foi alterado em +2% para 2025, -1% para 2026 e -2% para 2027. O preço-alvo das ações foi revisto para US$ 6,80, mantendo o múltiplo Ev/Ebitda de 3,7x.
Por fim, a Brava teve sua projeção de produção para este ano ajustada positivamente em 3%, enquanto as estimativas para 2026 e 2027 caíram 3% em cada ano. As projeções de Ebitda foram cortadas em 3%, 5% e 3% para 2025, 2026 e 2027, respectivamente. O Wacc nominal foi revisto de 13,0% para 12,7%, devido à queda nas taxas livres de risco brasileiras.
O Goldman Sachs tem recomendação neutra para Ecopetrol, YPF e PetroReconcavo, recomendação de venda para Brava Energia e de compra para Vista Energy. Entre os riscos levantados estão variações nos preços do petróleo, desempenho das produções nos próximos anos, alterações cambiais, custos de extração e eventuais interferências políticas ou mudanças nos regimes fiscais.