De acordo com o Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, a decisão final sobre um possível retorno do horário de verão será tomada em até 10 dias pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A informação foi dada nesta quinta-feira (19), no Rio de Janeiro, após reunião realizada pelas principais autoridades do setor elétrico. Com isso, um veredito sobre o tema deve ser dado ainda em setembro.
O que motivou a discussão?
No início deste mês, o Ministro Alexandre Silveira anunciou que o governo passou a avaliar implementar a volta do horário de verão para economizar energia diante do cenário de estiagem no Brasil.
Na ocasião, Silveira ponderou que há outros efeitos da volta do horário de verão a serem considerados, como a questão econômica.
As discussões sobre o assunto ainda estão em andamento e são lideradas pelo Ministério de Minas e Energia, o Operador Nacional do Sistema Elétrico e a Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
Apesar disso, o ministro deixa claro que a decisão final será tomada pelo preside da República.
Ainda conforme o ministro, ministérios e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) serão convidados para reuniões que vão discutir o tema. Só após esses encontros o assunto será levado a Lula, para ele decidir se o horário de verão retornará ou não.
Recomendações
O relatório do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) recomendou que é prudente e viável, a volta do horário de verão. Esse estudo considera o planejamento para os anos de 2025 e 2026.
De acordo com o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), um estudo que mostra como o índice pluviométrico é o menor dos últimos 74 anos. Nas palavras do ministro, o nível é muito menor do que o menor grau já registrado.
O ministro diz que nesse mês de setembro, a demanda aumentou em 5% no consumo de energia, o que indica que a economia está crescendo.
Apesar do cenário desenhado, Silveira reforçou que “não há risco de crise energética”.
O setor de serviços e indústria divergem sobre a efetividade do horário de verão.
André Braz, economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) aponta que a adoção do sistema seria uma faca de dois gumes para economia, já que o efeito não seria uniforme entre os setores.
Em segmentos como turismo, comércio e serviços, a medida tende a trazer mais benefícios, cita o especialista.
Já para setores como indústria e agronegócio, os impactos podem ser prejudiciais.
“A produção industrial geralmente opera em turnos contínuos, e a mudança de horário pode gerar desajustes nos turnos de trabalho, afetando a produtividade no curto prazo. Além disso, o setor industrial não se beneficia diretamente da economia de energia, já que o consumo é mais concentrado durante o dia”, coloca Braz.
Extinto em 2019
O horário foi suspenso em 2019 durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Na época, o então chefe do Executivo disse que a mudança foi tomada com base em estudos que analisaram a economia de energia do período e como o relógio biológico da população é afetado.