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Marina Silva defende no G20 uso dos recursos naturais como fator de inclusão

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Raquel Camargo/Prefeitura Comitê Rio G20

Durante a reunião da Iniciativa de Bioeconomia do G20 no Rio de Janeiro, a ministra brasileira do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, enfatizou a importância de se chegar a um conceito de bioeconomia, colocando-a como ferramenta central para um novo ciclo de prosperidade. Princípios de Alto Nível que conceituam a bioeconomia foram aprovados durante a reunião da Iniciativa proposta pela presidência brasileira do G20, realizada no Rio de Janeiro.


Em um contexto de crescentes desafios ambientais, a ministra alertou para o impacto devastador das mudanças climáticas, como as severas secas que afetam a Amazônia neste momento, “estão secando completamente rios, afetando as populações locais e toda a cadeia de vida.” A ministra destacou que o desenvolvimento com base na bioeconomia oferece oportunidades valiosas, mas só será eficaz se houver um combate decidido às mudanças climáticas. “É fundamental que possamos deter o avanço da mudança do clima, que é um forte destruidor dessas possibilidades no desenvolvimento com base na natureza”, afirmou.


Ela reforçou o papel da bioeconomia na preservação e no uso sustentável da biodiversidade, sublinhando sua relevância para a economia do Brasil e da América Latina. Segundo a ministra, “5% do PIB da América do Sul está relacionado à chuva que é produzida pela Amazônia”, destacando a importância dos ecossistemas como provedores de serviços essenciais.


Os princípios de bioeconomia aprovados pelos países do G20 não são apenas uma alternativa sustentável, mas também uma plataforma para a inclusão social e econômica. “Esse novo ciclo de prosperidade não pode deixar ninguém para trás. É fundamental que o uso dos recursos naturais possa ser também uma forma de inclusão para aqueles que vivem em situação de vulnerabilidade.” A bioeconomia é uma estratégia de transformação que atua de forma transversal, integrando diversos setores econômicos para combater a pobreza, preservar o meio ambiente e enfrentar as mudanças climáticas.


No discurso, Marina celebrou o progresso na criação do plano brasileiro de criar uma política que envolve vários ministérios: “Estamos na fase de desenvolvimento do Plano Nacional de Desenvolvimento da Bioeconomia, que visa orientar o país com metas e indicadores claros de sustentabilidade”.


Ressaltou que desafios persistem, especialmente a falta de diretrizes comuns e parâmetros globais para impulsionar a bioeconomia em países que dependem fortemente de setores como a biomassa. “Um dos principais obstáculos é a ausência de parâmetros e diretrizes comuns que podem limitar o pleno potencial da bioeconomia”, alertou.


A questão da transferência de tecnologia entre os países é importante para que as nações em desenvolvimento, como o Brasil, possam aproveitar plenamente o potencial da bioeconomia. “Talvez nós tivéssemos que partir para uma outra abordagem, fazer acordos de cooperação técnico-científica, onde diferentes países podem produzir conhecimento junto, inovação junto, e esse conhecimento já fique internalizado e compartilhado”, sugeriu.


 


Fortalecimento de mecanismos de financiamento


 


Ela destacou a importância de fortalecer mecanismos de financiamento e garantir acesso equitativo aos mercados, com o objetivo de assegurar que a bioeconomia seja inclusiva e sustentável. “A bioeconomia só será verdadeiramente inclusiva e eficaz se houver mecanismos claros de cooperação, que permitam que todos os países, especialmente os mega diversos, se beneficiem”, afirmou.


Marina alertou da importância de tratar questões como biopirataria e sustentabilidade no uso da biodiversidade, temas discutidos durante a reunião. “Essas são questões complexas, mas fundamentais, que exigem uma abordagem clara e um comprometimento efetivo por parte de todos os países”, acrescentou.


 


Legado do G20 para a bioeconomia


 


A reunião da Iniciativa de Bioeconomia do G20 ocorre em um momento crucial, com a presidência brasileira à frente das discussões. A ministra declarou que os princípios de alto nível aprovados no evento têm o potencial de se tornar um modelo para políticas globais e nacionais em prol da sustentabilidade. “Os princípios de Alto Nível da Bioeconomia adotados nesta iniciativa inovadora do G20 sobre a presidência do Brasil serão um legado significativo deste Fórum.”


Marina Silva finalizou sua fala com uma mensagem poderosa: “Chegou o momento de nos unirmos em torno de uma visão compartilhada para a bioeconomia, que coloque a sustentabilidade no centro e respeite os limites do planeta, promovendo prosperidade para todos. Um novo ciclo de prosperidade, onde os aspectos de colaboração sejam mais fortes do que os aspectos de competição.”


As discussões na área vão avançar esta semana no G20, com a quarta reunião da Força-Tarefa para uma Mobilização Global contra a Mudança do Clima que começou na quinta-feira (12).


 


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