O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta segunda-feira (12) que está “sedimentado” entre os diretores da autarquia a mensagem consensual de que farão o que for preciso para trazer a inflação para a meta independentemente de quem for o presidente da autarquia.
Durante palestra em evento de inauguração de novo campus da Fundação Getulio Vargas (FGV), em São Paulo, Campos Neto ainda afirmou que o ambiente de inflação acima da meta e expectativas desancoradas é motivo de preocupação, acrescentando que o BC tem feito o máximo para mostrar que suas decisões são técnicas.
“A gente tem tido uma mensagem inequívoca e consensual de que o BC vai fazer o que for preciso para trazer a inflação para a meta, é muito importante, e é independente de quem seja o presidente, de qual seja o mandato, isso está bem sedimentado no grupo que temos hoje”, disse.
“A gente tem feito o máximo possível no sentido de mostrar que é técnico, que o grupo é coeso, que não importa quem vai estar lá que o BC vai agir sempre de forma técnica”, acrescentou.
Ele afirmou que a inflação acumulada em 12 meses no Brasil — que alcançou em julho o teto da meta, de 4,5% — vinha desacelerando e recentemente “subiu um pouquinho”, ponderando que os itens menos voláteis estão relativamente comportados.
Na apresentação, Campos Neto disse que as políticas fiscal e monetária são fatores que geram incerteza e elevação de prêmio de risco no país, argumentando que o BC tem feito esforço para mostrar que trabalha com seriedade para levar a inflação à meta de 3%.
Do lado fiscal, ele disse que o governo também tem feito um esforço grande e que o prêmio de risco tende a diminuir se o efeito dessa atuação se concretizar. Ele ponderou que “tem muito exagero” nas percepções de mercado, que não acredita nos compromissos fixados pelo governo.
Em relação à atividade econômica, o presidente do BC disse que o país continua a apresentar números bons, acima do esperado, enfatizando que as surpresas têm se disseminado um pouco mais.
O presidente do BC voltou a afirmar que o juro real — diferença entre a taxa básica de juros e a inflação — no Brasil é muito alto, mas roda em patamar mais baixo do que o observado historicamente no país.
Ele argumentou ser mais importante olhar para o esforço monetário, a diferença entre o juro real e o juro neutro, patamar que não estimula nem retrai a atividade. Isso porque uma taxa neutra mais alta reduz o efeito da taxa básica de juros sobre a economia.
Atualmente, o BC trabalha com uma hipótese de taxa real neutra de 4,75%, patamar alcançado após ter sido elevado em 0,25 ponto percentual em junho.