Executores de chefões do PCC viram réus: “Receberam ordem do comando”

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O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) aceitou denúncia contra quatro presos acusados de executar com mais de 100 punhaladas os chefões do Primeiro Comando da Capital (PCC) Janeferson Aparecido Mariano Gomes, o Nefo, e Reginaldo Oliveira de Sousa, o , ambos de 48 anos. O grupo vai responder por duplo homicídio qualificado, por meio cruel e sem chance de defesa para as vítimas.


Nefo e Rê foram mortos dentro da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, no interior paulista, conhecida por abrigar lideranças do PCC, na tarde de 17 de junho. Eles respondiam por integrar uma célula de elite da facção criminosa, responsável por planejar o atentado contra o senador Sergio Moro (União-PR) e a família dele.


Os réus são Luis Fernando Baron Versalli, o Barão, de 53 anos; Ronaldo Arquimedes Marinho, o Saponga, 53; Jaime Paulino de Oliveira, o Japonês, 47; e Elidan Silva Ceu, o Taliban, 45. Os quatro aparecem em imagens captadas pelo sistema de segurança do presídio, mas negam o crime. Todos ostentam péssimo comportamento e já responderam por outros assassinatos na cadeia.


Ao receber a denúncia, o juiz Deyvison Heberth dos Reis, do Foro de Presidente Venceslau, do TJSP, afirmou que verifica no inquérito “a existência de provas do fato e de indícios razoáveis de sua autoria”. O documento foi publicado nesta quarta-feira (10/7).


Acusados cumpriram ordem do PCC

Na denúncia, o Ministério Público de São Paulo (MPSP) afirma que os acusados receberam ordem de matar Nefo e Rê na véspera do crime. O mandante do crime ainda é investigado.


“É dos autos que, no dia anterior aos fatos objeto desta peça acusatória, os denunciados receberam ordens do comando da referida facção criminosa para pôr termo à vida das vítimas”, registra a Promotoria.


Uma das hipóteses é que os chefões do PCC tenham sido mortos justamente porque o plano contra Moro falhou. Um agente penitenciário também relatou, em depoimento, que um dos presos justificou as execuções porque as vítimas haviam “falado demais”.


De acordo com a perícia, os chefões da facção foram vítimas de esgorjamento (corte na parte da frente do pescoço), sofreram dezenas de outras perfurações, principalmente na região do abdômen, e morreram de hemorragia. Em Rê, o médico legista encontrou 57 lesões. Já em Nefo, foram ao menos 44 perfurações.


Como foram as execuções

Os crimes foram cometidos com um canivete e um punhal artesanal, apreendidos pela Polícia Civil. Para esclarecer a dinâmica do crime, os agentes assistiram a imagens do circuito de segurança da cadeia. As câmeras analisadas ficam instaladas na porta de um banheiro e no pátio do pavilhão 1.


As imagens (veja acima) mostram que Rê e os quatro indiciados entram no banheiro, que também é usado como “barbearia” pelos presos, na área do banho de sol. Pouco depois, só os suspeitos deixam o local.


Já o segundo vídeo mostra Barão, Saponga e Japonês se movimentando no pátio. Em dado momento, eles perseguem e atacam Nefo, enquanto Taliban permanece próximo da “gaiola” para evitar que a vítima consiga fugir.


Rê foi encontrado dentro do banheiro, de barriga para baixo, com diversos ferimentos e sinais de luta corporal. Por sua vez, o corpo de Nefo ficou estirado no pátio de sol.


Sintonia Restrita

Nefo e Rê eram acusados de fazer parte da Sintonia Restrita, célula de elite do PCC que monitora e planeja ataques contra autoridades do Brasil. Com treinamento de guerrilha e à frente de missões sigilosas e de alto risco, o grupo responde diretamente aos integrantes do mais alto escalão da facção.


Eles estavam presos desde a Operação Sequaz, deflagrada pela Polícia Federal (PF) em março de 2023, que desmantelou o plano contra Moro e a família do senador. O promotor Lincoln Gakiya, do MPSP, considerado referência no combate à facção criminosa, era outro alvo do bando.


Na investigação, Nefo foi apontado como coordenador da célula. Ele também tinha passagens por roubo, motim e cárcere privado.


Já Rê exercia cargo de liderança no PCC há mais de 20 anos. Foi acusado de coordenar o paiol da facção e de executar ataques contra policiais. Ao Metrópoles, o advogado Anderson dos Santos Domingues, que era responsável pela sua defesa, afirmou que o cliente não mencionou qualquer ameaça na P2 de Presidente Venceslau.


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