O coordenador do estudo que identificou a presença de cocaína em tubarões no Rio de Janeiro, Enrico Saggioro, afirmou em entrevista à CNN que há uma grande chance de outras espécies possuírem a droga.
“O próximo passo é avaliar outras espécies marinhas para corroborar a hipótese de que não é só os tubarões. Nossos oceanos estão recebendo um aporte de drogas ilícitas e outros contaminantes também”, afirmou Saggioro.
O pesquisador do Laboratório de Avaliação e Promoção da Saúde Ambiental do Instituto Oswaldo Cruz disse que, apesar da novidade da notícia, existem muitos estudos que evidenciam a presença de drogas em ambientes marinhos, em rios e esgotos.
Segundo o especialista, fazer as avaliações do fluxo das drogas em ambientes aquáticos dá muitas respostas.
“O Brasil é o segundo maior do mundo no mercado de usuários e de transporte da droga. Por isso pensamos, se isso poderia estar também na biota”, explicou.
Saggioro contou que o grupo de pesquisa tinha tubarões no laboratório e pensaram que a droga, que é tão disseminada, também poderia estar contida no animal marinho.
“É muito importante que os órgãos monitorem. Estamos chamamos atenção para a questão de que as atividades humanas estão impactando os oceanos”, completou.
Entenda o caso
Pesquisadores brasileiros identificaram a presença de cocaína em tubarões da espécie nariz-afiado (Rhizoprionodon lalandii), no Brasil. O estudo foi publicado pela revista internacional Science of The Total Environment neste mês de julho.
Os dados foram elaborados na Universidade Federal de Santa Catarina, em conjunto com a Universidade Federal do Rio de Janeiro e a Fundação Oswaldo Cruz. A pesquisa analisou 13 tubarões capturados nos mares do Rio de Janeiro.