O dólar se aproxima de R$ 5,60 e o Ibovespa recua nesta sexta-feira (28), com reforço do temor fiscal e investidores digerindo novas falas do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto.
Mais cedo, Lula voltou a criticar o BC e Campos Neto durante entrevista, afirmando que o atual patamar da taxa básica Selic, de 10,5% ao ano, é “irreal” diante de uma inflação que está controlada. Ao tratar do câmbio, disse que o dólar está subindo ante o real porque há “especulação com derivativos”.
Por sua vez, após afirmar na véspera que pronunciamentos recentes de Lula têm impactado negativamente os preços, Campos Neto disse nesta sexta-feira que ajustes fiscais muito focados em ganho de receita são menos eficientes e podem ter como resultado menor investimento, menor crescimento econômico e inflação mais alta.
Por volta das 16h, o dólar avançava 1,6%, ais R$ 5,591 na venda, rondando as máximas desde 2022.
Na mesma hora, o Ibovespa perdia 0,5%, na faixa dos 123,6 mil pontos, devolvendo parte dos lucros da véspera, quando atingiu o maior patamar em um mês, com ações sensíveis à economia doméstica sofrendo diante de nova alta na curva de juros por preocupações com o cenário fiscal.
Nesta manhã, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar o patamar atual da taxa Selic, a 10,5% ao ano, afirmando que o nível dos juros é “irreal” diante de uma inflação que está “controlada”.
Também reiterou que os recentes ganhos do dólar contra o real são consequência de especulação com derivativos.
Também mais cedo, Campos Neto afirmou ainda que a desconfiança sobre as contas públicas impacta os juros de longo prazo e as expectativas de inflação.
A pauta doméstica, por sua vez, mostrou que o setor público consolidado registrou um déficit primário de R$ 63,895 bilhões, pior do que as expectativas no mercado e acima do saldo negativo um ano antes.
No exterior, o principal dado do dia veio dentro do esperado. O Departamento do Comércio dos EUA informou que o índice de inflação PCE – bastante observado pelo Federal Reserve – ficou estável em maio, após ter subido 0,3% em abril.
Nos 12 meses até maio o indicador subiu 2,6%, ante 2,7% nos 12 meses até abril.
Os resultados mensal e anual ficaram dentro do projetado por economistas ouvidos pela Reuters. O núcleo do PCE subiu 0,1% no mês passado, também em linha com o esperado.