Escutar música é algo tão corriqueiro que é difícil imaginar a influência que ela tem em nosso cérebro e como modifica nossas estruturas emocionais. Mas isso acontece. Quando captados pelos ouvidos, os sons musicais vão até áreas responsáveis pela interpretação do estímulo primário (neste caso, o som), até que tal estímulo é categorizado pelo cérebro dentro de um padrão específico conforme ele se repete (ritmo).
Ao reconhecer o ritmo e, posteriormente, a harmonia, o cérebro se desperta e acende múltiplas outras regiões: o tronco cerebral, o tálamo, e essas informações são inicialmente percebidas e interpretadas nos lobos temporais, desencadeando reações secundárias. Ou seja, mesmo atingindo regiões específicas, a música tem o poder de acionar o cérebro como um todo.
O humor tem relação, principalmente, com os neurotransmissores serotonina e dopamina, explica Fernando Gomes, neurocirurgião e neurocientista. “A música é capaz de estimular esses circuitos e modular o humor, induzindo a euforia, a alegria ou até mesmo o baixo-astral”, completa.
Música do REM foi eleita a mais triste
Uma investigação conduzida pelo site OnePoll e publicada no site Wales Online em 2022 elencou as 30 músicas mais tristes de todos os tempos. Em primeiro lugar ficou Everybody Hurts, da banda REM, seguida por Nothing Compares 2 U, de Sinead O’Connor. O terceiro posto ficou para Tears in Heaven, de Eric Clapton.
Conduzida pela marca de cuidados auditivos Earex em colaboração com Robert Till, presidente da Associação Internacional para o Estudo da Música Popular e professor de música na Universidade de Huddersfield (Reino Unido), a pesquisa também explorou como a música afeta o humor, incluindo sentimentos de nostalgia, com base no feedback de 2.000 participantes.
Dos entrevistados, 48% disseram que a música teve um grande impacto no humor, com 36% optando por uma música triste quando se sentem nostálgicos e 24% desejando músicas mais tristes após um rompimento. Pouco menos da metade também admitiu que músicas tristes podem até alegrar o dia.
Cérebro tem participação na playlist
Quando a música passa a fazer parte da memória afetiva, ela modifica o nível de hormônios e neurotransmissores no corpo humano, seja aumentando ou reduzindo o estado de alerta, acalmando ou irritando, alegrando ou deprimindo. Nesses casos, não é apenas a canção em si, mas os sentimentos que ligam você a determinada música. Ao evocar memórias, ela funciona como uma facilitadora de vivências emocionais.
Para Gomes, influências genéticas e culturais afetam as preferências dos ritmos entre as pessoas. “Se uma pessoa é exposta durante a sua infância e adolescência a um determinado tipo de ritmo, música caribenha, por exemplo para um morador da América Central, com experiências e vivências emocionais positivas, como afeto, amores, amizade, família e amigos, o cérebro dela irá naturalmente apreciar tal ritmo”, diz.
Entretanto, o neurocientista analisa que há evidências de que fatores genéticos influenciam no padrão dos receptores neurais da dopamina relacionados com a música. Isso significa que algumas pessoas já são naturalmente mais sensíveis musicalmente e, portanto, podem apresentar maior gosto pela música e até mesmo por diferentes ritmos, incluindo os mais tristes.
Veja a lista completa das 30 músicas mais tristes de todos os tempos:
- REM – Everybody hurts
- Sinead O’Connor – Nothing compares 2 U
- Eric Clapton – Tears in heaven
- Whitney Houston – I will always love you
- The Beatles – Yesterday
- Adele – Someone like you
- Celine Dion – My heart will go on
- Roy Orbison – Crying
- Eric Carmen – All by myself
- Robbie Williams – Angels
- Bill Withers – Ain’t no sunshine
- James Blunt – Goodbye my lover
- Toni Braxton – Unbreak my heart
- Eva Cassidy – Songbird
- Coldplay – Fix you
- U2 – With or without you
- The Beatles – The long and winding road
- Al Green – How can you mend a broken heart?
- Sam Smith – Stay with me
- Amy Winehouse – Back to black
- Carole King – It’s too late
- Lewis Capaldi – Someone you loved
- John Lennon – Jealous guy
- Simon & Garfunkel – The boxer
- Gary Jules – Mad world
- Adele – Easy on me
- Boyz II Men – End of the road
- Neil Young – Only love can break your heart
- Passenger – Let her go
- The Fray – How to save a life