Na busca por um sistema prisional mais humano e eficaz, o governo do Estado, por meio do Instituto de Administração Penitenciária do Acre (Iapen), deu mais um passo importante, nesta sexta-feira, 3, com a inauguração da fábrica de instrumentos musicais Sons da Liberdade, no Polo moveleiro, em Rio Branco.
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O principal objetivo com a criação da fábrica é ensinar aos reeducandos a arte da luthieria, com a fabricação de instrumentos musicais de alta qualidade. Por meio deste projeto, o Iapen, visa fornecer habilidades técnicas, promover o desenvolvimento pessoal e criar um caminho mais claro para a reintegração social.
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A oficina proporcionará 222 horas de aulas práticas e teóricas, abrangendo temas como preparação de materiais, construção de instrumentos, reparações, design, personalização e empreendedorismo. Durante o curso, os reeducandos terão acesso a equipamentos e ferramentas de luthieria, bem como a profissionais qualificados que os guiarão em cada etapa do processo.
Luiz da Mata, chefe do Departamento de Ensino e Produção Sustentável (Depros), está à frente do projeto. Ele explica que a oficina conta com pessoas qualificadas e comprometidas, que sonharam com o projeto assim como ele, como o policial penal Jardel Costa, que é um luthier profissional. “Então foi possível chegarmos até aqui, e agora nós temos a missão de capacitar, ensinar essa profissão para os reeducandos e conseguir realizar uma arte, que é a fabricação de instrumentos”.
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O Tribunal de Justiça do Acre (TJ/AC), por meio da Vara de Execuções Penais e Medidas Alternativas (Vepma), também tem papel fundamental no projeto, pois foi o responsável por destinar recursos, provenientes das Penas Pecuniárias, para a fábrica.
A juíza auxiliar da presidência do TJ, Zenice Cardoso, ressaltou que o Poder Judiciário precisa fomentar toda e qualquer iniciativa do Iapen em prol da ressocialização. “Faço questão de citar o nome da Andréa Brito, que é juíza da Vepma e que sonha com essa mudança, com essa transformação, e o Poder Judiciário está cumprindo com a sua missão de apoiar esses projetos”, destacou.
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A cada cinco meses, 15 alunos terão a possibilidade de participar da oficina. O reeducando A. S, de 39 anos, faz parte da primeira turma e diz que a oportunidade é muito importante para ele. “Eu estou muito feliz de poder aprender a fazer violão, trabalhar com a madeira para sair desse lugar aqui e escrever uma nova história na minha vida”, afirmou o aluno.
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Alexandre Nascimento, presidente do Iapen, disse que o principal objetivo é dar a essas pessoas oportunidade de recomeço e um novo sentido para a vida. “Aqui é um local de oportunidades, aqui não tem muros, não tem grades, aqui representa a liberdade. O projeto que está sendo lançado hoje tem o nome de sons da liberdade. Aqui a gente pega uma madeira bruta, trabalha ela, entrega na forma de instrumentos musicais. Isso dá ao preso a oportunidade de obter conhecimentos metodológicos, que não envolve só a parte da madeira em si, mas ele trabalha aqui a questão da organização, a questão do controle, de entrada e saída de insumos. Então, tem uma série de oportunidades que são criadas dentro dessa área que vão ajudá-lo a voltar para a sociedade numa condição muito melhor, de uma forma muito mais preparada”, concluiu o presidente.