Uanderson Oliveira da Silva, 16 anos, que morreu eletrocutado na cerca de uma casa do bairro João Alves, em Cruzeiro do Sul, no domingo,5, não foi o primeiro a levar choque no local. Ele queria pegar um cacau no local e morreu ao tocar na cerca e ter duas paradas cardiorrespiratórias.
Uma moradora do bairro, Vanuzia Paula, disse que ela e o marido já salvaram uma criança de 12 anos da mesma cerca e que o proprietário do terreno sábia do perigo.
“Eu e meu marido já tínhamos tirado uma criança grudada uma vez, e alertamos ele do perigo, pedimos pelo menos que cortasse as fruteiras, pois chamava atenção das crianças. Existem muitas crianças no local, tem uma escola bem próximo, e as fruteiras chamam atenção das crianças que passam ali. O dono já tinha sido avisado do perigo, em relação às crianças, mas ele não desligou. A energia que tinha nos fios não era o apropriada, era muito forte, ligada direto.
Mas ele ignorou e agora fez uma vítima. Ele agiu de maldade, pois era ciente do perigo, em relação às crianças, pois a cerca é bem baixa e próximo à rua, criança não entende isso de energia. É lamentável, a gente tentou evitar”, disse a mulher.
O jovem havia chegado para morar em Cruzeiro do Sul no dia anterior à morte, sábado, 4. Antes ele morava com o avô no Ramal do Havaí, na zona rural do município de Rodrigues Alves. Não sabia ler e por isso não teria entendido a placa alertando sobre a cerca elétrica.
Polícia vai ouvir empresário
O empresário José Edmilson da Cunha, dono do terreno onde o jovem morreu, foi identificado como averiguado pelos Policiais Militares que atenderam o caso no domingo, 5.
O delegado Heverton Carvalho, responsável pelo inquérito policial, disse que a investigação continua e que aguarda o laudo da perícia. Vai ouvir o dono do terreno e outras pessoas. “O laudo pericial é importante para obtermos uma compreensão científica sobre a situação da cerca eletrificada. Vamos ouvir o proprietário do terreno, bem como familiares da vítima e responsáveis pela instalação da cerca, a fim de esclarecer os fatos e tomar as medidas cabíveis”, pontuou.
O Corpo de Bombeiros de Cruzeiro do Sul apontou irregularidades na instalação da cerca, como falta de dispositivos de segurança adequados, a altura incorreta e a ausência de símbolos de advertência.
A Lei Estadual Nº 1.623, de 10 de janeiro de 2005 estabelece que a voltagem nas cercas pode ser de até 10.000 volts, mas deve ser corrente contínua e emitir choque pulsativo sem perigo letal. E o artigo 2⁰ estabelece altura mínima de 2,5m do chão.
A cerca onde o menino foi eletrocutado é similar às que existem em prioridades rurais, com uma fileira de fios de arame liso e com estacas em concreto. Os fios, que deveriam começar a mais de dois metros de altura, quase encostam no chão.