De treinador a herói: a história do voluntário que salvou mais de 200 pessoas no RS

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Crédito: Reprodução/ Fernando Falavigna

Ao se deparar com uma Porto Alegre alagada e possíveis vidas encobertas pela água, o personal trainer Fernando Falavigna decidiu fazer a diferença. Vestiu a sua roupa de borracha, pegou o colete salva-vidas e foi para as ruas ajudar a população. Até a manhã desta quarta-feira (8), a equipe do voluntário tirou mais de 200 pessoas das enchentes.


“Pratico esportes aquáticos e tenho experiência na água. Não tenho barco e nem Jet Ski. No primeiro dia, encontrei uma dupla de amigos, que já estavam com a equipe fechada, mas eu pedi uma carona para o ponto de inundação e acabamos trabalhando juntos por três dias”, relata.


Antes do temporal, Fernando relembra que a rotina de um dia normal era acordar, ir para a academia anteder clientes como personal trainer e depois ir para as ruas fazer a mentoria de um grupo de corrida com 125 pessoas. No final da tarde, o educador físico voltava para casa para ficar com a esposa e o filho de dois anos.


Hoje, o trabalho não existe mais e o pai mal se encontra com o filho. Desde domingo (5), o foco são os resgates. “Agora é acordar, botar a roupa de borracha e ir para o ponto de resgate do bairro São João, do lado da minha casa. Ontem fiquei 9h20 trabalhando”, conta.


Fernando ainda relata que após salvar centenas de pessoas, o cenário mudou. “Teve gente que ficou para trás e estão no segundo andar, se recusando a sair. Agora, eles estão mudando de ideia, porque vê que a água não vai abaixar. Hoje vamos tentar resgatar essas pessoas que mudaram de ideia e os animais que a gente encontrar”.


Resgates emocionantes:

Entre as centenas de pessoas que Fernando salvou das águas, um resgate marcou mais o voluntário. Na noite da última terça-feira (7), Dona Irene, de 85 anos, estava no quinto andar de um prédio e não queria sair, quando finalmente decidiu deixou o próprio lar.


“Demorei uns 20 minutos para descer com ela, uma senhora com uma bengala, tive que pegar ela no colo. Era como se fosse minha avó. Quando ela viu a água, ficou desesperada, chorava muito”, relembra.


Apesar de ter feitos diversas imagens de seu trabalho como voluntário, Fernando não tem registro do salvamento de Dona Irene. “Pulei com água no pescoço. Naquele momento, não dava para fazer imagens. Os resgates mais emocionantes não tinham como ser registrados”, explica.


Outra história que tocou o coração de Fernando foi a do menino Lorenzo, uma criança de sete anos com síndrome de down.


“Ele chorou e esperneou por 30 minutos no colo do pai, desde que saiu do apartamento até entrar num jipe. Aquele pai foi um lutador guerreiro, cuidando do filho mesmo ficando todo arranhado”, relata.


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