Artesãos da Amazônia participam até este domingo (12), em Brasília, da 17º edição do Salão do Artesanato. O evento mistura cultura, sustentabilidade e oportunidade de negócios.
Sete artesãos do Acre participam do evento. Nos dois primeiros dias eles já venderam cerca de R$ 108 mil entre peças de marchetaria, látex, biojóias, cestarias e materiais em fibra, segundo balanço feito O balanço da comercialização dos produtos acreanos foi feito pela Secretaria de Turismo e Empreendedorismo (Sete).
Os pilares da bioeconomia e a soberania da Amazônia são os os temas da edição de 2024 do projeto Amazônia Que Quero que vai abordar a “Amazônia Continental”.
No ano passado, o Acre foi campeão em volume de vendas, quando comercializou R$ 198 mil. A expectativa para a edição deste ano é chegar aos R$ 250 mil.
Daniel Ailton dos Santos veio de Rolim de Moura, em Rondônia. Ele transforma em arte madeira destruída pelo desmatamento e pelas queimadas. Um dom que carrega desde criança.
“Uma peça dessa, ela vai se eternizar na casa do cliente e lá elas poderiam virar cinza, né? E eu tô aproveitando sem precisar desmatar e nem derrubar”, afirma.
O artesão Ednilton Costa é do Acre e expôs bolsas feitas com a técnica da marchetaria. É a arte de encaixar madeiras diferentes criando desenhos como esses. Veio de Cruzeiro do Sul, no Acre. Um trabalho que tem até reconhecimento internacional.
“Receber um reconhecimento da Unesco, esse reconhecimento aconteceu no Chile, de uma bolsa, inclusive uma bolsa de marchetaria, como um produto sustentável. Sem a floresta, a gente não consegue ter essa belíssima peça de marchetaria que a gente apresenta aqui todos os anos,” celebra Ednilton.
O prêmio a que ele se refere foi conquistado pelo artesão Maqueson Pereira da Silva, natural de Cruzeiro do Sul. Ele ganhou o Prêmio de Excelência Artesanal para a América do Sul, organizado pelo Conselho Mundial do Artesanato (CMA) no Chile, com a bolsa feminina, clutch.
A 17ª edição do Salão do Artesanato reúne 23 estados e o DF. No evento também tem arte amapaense de cerâmica e madeira pra levar para casa. Assim como um pedaço da cultura indígena de Roraima.
“A gente tira matéria-prima e a gente replanta sementes para não acabar com a nossa matéria-prima, porque é assim que a gente sabe preservar nossos materiais também”, acrescenta Vanda Domingos da Silva, artesã indígena de Roraima.
Entre as peças em exposição estava um cesto decorativo feito com fibra de Arumã, retirado de uma pequena palmeira que só tem no território São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas. Ele é todo feito por mãos de artesãs indígenas. Até mesmo as cores são retiradas da natureza. Um jeitinho especial de conhecer as riquezas da Amazônia.
A coordenadora do 17º Salão do Artesanato, Leda Simone, destacou que a utilização correta dos recursos naturais, de transformar sem degradar, é um grande atrativo.
“A beleza das cores, o artesanato indígena, cestarias, acho que tudo isso é um grande atrativo e realmente faz com que haja um interesse muito grande, não só do público que circula na feira, mas dos lojistas. Nós temos uma rodada de negócios que acontece durante o evento e há sempre um volume muito significativo de vendas também feito para esses lojistas dos artesãos que vêm da região Norte do país”, concluiu.