No Acre, mais de 26% dos adolescentes estão acima do peso, mostra pesquisa

Um alerta para pais e responsáveis. No Brasil, uma em cada 3 crianças têm sobrepeso. E o quadro fica ainda mais grave ao descobrir que, até 2035, mais de 750 milhões de crianças e jovens adolescentes deverão viver com sobrepeso e obesidade no mundo. A estimativa é da Federação Mundial de Obesidade (World Obesity Federation – WOF), ao divulgar a sexta edição do Novo Atlas Mundial da Obesidade 2024.


Contrariar a diretriz de que uma alimentação saudável para crianças, principalmente nos primeiros anos de vida, pode provocar danos a longo prazo na saúde dos pequenos, é contribuir para que as taxas de obesidade e doenças consequentes desse quadro aumentem. A opinião é do médico pós-graduado em nutrologia Yure Elias.


“Quando a gente fala de uma alimentação saudável, a gente está falando de alimentos que tendem a melhorar a longevidade, tendem a melhorar a qualidade de vida, a disposição, a parte cognitiva das pessoas — e, também, a gente está evitando certos tipos de alimentos que podem estar piorando tudo isso”, analisa.


Quem mais sofre

De acordo com o Atlas Mundial da Obesidade 2024, o público mais afetado está na faixa etária entre 5 e 19 anos. Os dados são obtidos através da medição do índice de massa corporal (IMC). A maioria vive em países de renda média. O estudo aponta que países com economias em expansão têm também aumentos rápidos na prevalência de excesso de peso, embora em níveis baixos.


No Acre, os números do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan) do Ministério da Saúde mostram que 26,3% dos adolescentes acompanhados estão com sobrepeso. Desse total, mais de 9% já são considerados obesos. Os outros 17% estão na categoria de sobrepeso. Apesar dos números preocupantes, o índice é menor do que a média registrada na região Norte (27,96%) e na média nacional que é de 33,33%.


O Ministério da Saúde (MS) estabeleceu metas para serem alcançadas com base nas escolhas alimentares mais saudáveis. O conteúdo está no “Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) no Brasil 2021-2030”. Reduzir em 1/3 a mortalidade prematura (30-69 anos) por DCNT; deter o crescimento da obesidade na população adulta e reduzir em 2% a obesidade em crianças — são apenas alguns desses objetivos propostos.


O médico Yure Elias mostra preocupação com a quantidade de crianças acima do peso e alerta pais e responsáveis.


“Na prática, as doenças que a gente mais vê são, sem dúvida, colesterol alto, hipercolesterolemia, hipertensão arterial sistêmica e o diabetes. São as três patologias que a gente acaba mais vendo ali com uma relação íntima com a alimentação. São doenças que, de primeira linha, a gente tenta uma mudança do estilo de vida do paciente para fazer o tratamento. Então, a gente está falando ali de mudança principalmente relacionada à alimentação”, destaca.


A moradora do Rio de Janeiro Elenir Rosa de Azevedo tem 67 anos e é aposentada. Ela é mãe de 3 filhos, tem 3 netos e revela que sempre se preocupou com a saúde das crianças. Por conta disso, diz que, durante muito tempo, cozinhou sozinha todas as refeições para equilibrar os alimentos e a quantidade de sal a ser ingerida.


“Sempre tive a preocupação com uma boa alimentação. Trabalhando com crianças e mãe de três filhos e três netos, busquei priorizar uma alimentação saudável, pois assim estaria contribuindo para a boa formação da saúde das crianças, possibilitando um crescimento sadio. Esses bons alimentos são fundamentais para um bom desenvolvimento e fortalecimento de sua saúde”, reforça.


Segundo o MS, as metas do Plano de Ações orientarão as áreas por uma década, com perspectiva de tornarem-se pontos de interlocução entre as esferas de gestão do SUS, apoio para a definição de subsídios técnicos e financeiros para a vigilância em saúde para fortalecê-la nas áreas de Atenção Primária à Saúde, Atenção Especializada, Ciência e Tecnologia e Gestão do Trabalho e Educação em Saúde no Sistema Único de Saúde.


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