Maria Thereza Goulart, viúva de Jango, ocupou um lugar na mesa solene ao lado do filho João Vicente Fontella Goulart, que é presidente-executivo do Instituto João Goulart, e da jornalista Mara Luquet.
A sessão foi idealizada pelo senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), líder do governo no Congresso.
Durante a fala, Dirceu afirmou que João Goulart foi deposto por defender a classe trabalhadora e que a democracia no Brasil corre risco pela falta de “uma revolução social”.
“A democracia está em risco porque não se fizeram as reformas estruturais, porque não há uma democracia social. Quando uma democracia social deixa de existir, a democracia institucional, política, corre risco. Para consolidar a democracia brasileira, nosso papel é fazer uma revolução social no Brasil, desconcentrar a renda, riqueza e propriedade”, defendeu.
O ex-ministro criticou a falta de mudanças estruturais nas Forças Armadas desde a redemocratização do país e cobrou o esclarecimento dos crimes cometidos pelo Estado brasileiro durante a ditadura militar.
“Nosso povo resiste, luta. E se temos democracia é por isso. Esse é o nosso papel e por isso relembramos 1964. Por isso é um compromisso irrenunciável o esclarecimento dos mortos e desaparecidos, a luta pela verdade do que aconteceu”, disse Dirceu.
“Não basta a desmilitarização e a volta aos quartéis. Isso aconteceu em 1988. O comprometimento das Forças Armadas com o governo Bolsonaro e o 8 de janeiro está aí”, disse.
“É preciso ir à questão principal, que é a educação nas escolas militares, o sistema de promoções e a prevalência do poder civil sobre o militar. Se quisermos que não voltemos a 8 de janeiro ou 31 de março, o Congresso Nacional tem que fazer um debate das Forças Armadas”, completou.
Reaproximação com a política
José Dirceu vem se reaproximando das articulações políticas desde a eleição do presidente Lula, em 2022, fazendo contato com parlamentares e ministros de governo. Em março deste ano, Dirceu reuniu grande parte da nata da política brasileira em sua festa de 78 anos.
Entre os presentes, estavam o vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), ministros de Estado (Fernando Haddad, da Fazenda, Alexandre Padilha, da Secretaria de Relações Institucionais, Nísia Trindade, ministra da Saúde e mais sete deles), o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), líderes no Congresso e dezenas de parlamentares e advogados.
Segundo apuração da analista Débora Bergamasco, Dirceu é tratado por alguns políticos como futuro candidato a deputado federal pelo PT em São Paulo.
Para isso, porém, precisa conseguir anular processos remanescentes e recuperar seus direitos políticos para concorrer em 2026.