O dólar encerrou em alta e o Ibovespa caiu nesta sexta-feira (12), com mercados ainda repercutindo dados da inflação nos Estados Unidos que derrubaram as expectativas de corte dos juros pelo Federal Reserve (Fed) ainda neste semestre.
O principal índice do mercado doméstico perdeu 1,14%, aos 125.946 pontos, em linha com clima negativo em Wall Street.
O resultado fez o Ibovespa acumular queda de 0,66% na semana, a terceira seguida no vermelho.
O clima de cautela deu nova força ao dólar, que fechou com alta de 0,6%, negociado a R$ 5,121 na venda. Embora tenha se afastado do pico do dia, quando subiu mais de 1%, a divisa ainda marcou seu maior patamar de encerramento desde 9 de outubro de 2023 (R$ 5,131).
Frente à sexta-feira da semana passada, o dólar ganhou 1,11%, terceiro avanço semanal consecutivo e o mais intenso desde janeiro.
Dados de quarta-feira (10) mostraram que o índice de preços ao consumidor dos EUA aumentou 0,4% no mês passado, depois de avançar pela mesma margem em fevereiro. Nos 12 meses até março, o índice aumentou 3,5%. Economistas consultados pela Reuters previam que o índice subiria 0,3% no mês e 3,4% na base anual.
Nem mesmo um relatório separado, mostrando que o índice de preços ao produtor dos EUA subiu menos do que o esperado em março, conseguiu aplacar o pessimismo do mercado.
As apostas do mercado em um corte de juros pelo Fed em junho caíram para 25,8%, abaixo dos 53,2% da semana passada, de acordo com a ferramenta FedWatch do CME Group.
Adicionando lenha à fogueira, o presidente do Federal Reserve de Kansas City, Jeff Schmid, disse nesta sexta-feira que o banco central dos Estados Unidos não deveria estar avaliando cortes na taxa de juros neste momento, porque a inflação continua acima de sua meta de 2% e o mercado de trabalho é forte.
Por outro lado, o presidente do Fed de Chicago, Austan Goolsbee, disse que as leituras do índice de preços ao consumidor norte-americano, que continuam altas, são preocupantes, mas ele continua concentrado em como o índice PCE, o indicador de inflação preferido do Fed, se comporta.
A presidente do Fed de Boston, Susan Collins, disse que espera alguns cortes nas taxas de juros este ano, embora a inflação possa levar algum tempo para retornar ao nível desejado.
Quanto menos o Fed cortar os juros, melhor para o dólar, que se torna mais atraente para investidores estrangeiros quando os rendimentos oferecidos pelo mercado norte-americano — já interessante por ser extremamente seguro — seguem mais altos.