Demissões por justa causa batem recorde no Brasil em 2024, mostra levantamento

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As demissões por justa causa — penalidade máxima no contrato de trabalho sem direito à multa — cresceram no Brasil e bateram recorde em janeiro com 39.511 casos, o maior número em uma década, segundo um levantamento da LCA Consultores.


São cerca de 2,09% dos 1.887.422 desligamentos totais no mês, uma porcentagem consideravelmente superior aos 1,77% em dezembro de 2023. Em fevereiro, a margem das demissões por justa causa diminuiu, mesmo com um aumento dos desligamentos totais, para cerca de 1,942 milhão.


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Uma circunstância similar já tinha sido observada em janeiro de 2014, quando 2,12% das demissões ocorreram por justa causa.


Uma década depois, especialistas avaliam que o cenário do mercado de trabalho está se transformando, com um aumento das demissões em massa no ano passado e uma mudança na perspectiva dos trabalhadores.


Para o especialista em carreiras, desenvolvimento humano e liderança Ronan Mairesse, o fator comportamental é a principal causa desse movimento.


“Após a pandemia ocorreu um esfriamento nas relações humanas devido à distância e, principalmente, a uma ansiedade acompanhada de irritabilidade que aflorou no comportamento dos profissionais”, disse ele.


O especialista avalia que houve um aumento da insubordinação, desrespeito a pessoas e processos, discussões com colegas e até vídeos com falas e desabafos contra as empresas, fatores que levam a demissões por justa causa.


Há 10 anos, as práticas dos profissionais causaram um cenário semelhante, segundo Mairesse. “Não tivemos um fator agravante como a pandemia, por exemplo, mas existia um clima político no Brasil que contribuiu para aflorar os ânimos”, disse ele.


Alessandra Souza Menezes, membro da Comissão de Direito do Trabalho da OAB/SP, explica em quais situações a demissão por justa causa pode acontecer:


  • •Furto ou desvio de dinheiro;
  • •Formas de assédio, molestamento, atitudes grosseiras ou inadequadas à política da empresa;
  • •Negociações no ambiente de trabalho que atrapalhem o rendimento do empregado — como um(a) vendedor(a) de produtos — ou externa ao ambiente de trabalho caracterizado por atos de concorrência;
  • •Condenação criminal julgada;
  • •Baixo rendimento, excesso de faltas, atraso, falta de empenho e outras ações similares;
  • •Embriaguez habitual ou em serviço, quando não entendida como doença;
  • •Violação de segredo na empresa;
  • •Indisciplina ou insubordinação;
  • •Abandono do emprego com faltas injustificadas durante 30 dias consecutivos.

Ronan Mairesse atribui o aumento das demissões a uma falta de produtividade ou compromisso das pessoas na empresa, que se encontram “mais sensíveis emocionalmente”, e acabam por trocar de emprego mais frequentemente.


É nesse cenário que o termo “quite quitting” surgiu e tem estado em alta nas rodas de conversa sobre o mercado de trabalho.


Trata-se de uma “demissão silenciosa” ou “renúncia silenciosa”, à medida que o trabalhador se restringe a fazer suas atividades sem propor mais do que se espera.


Esse movimento costuma ser relacionado à geração Z, pessoas nascidas entre 1996 e 2010 e que, geralmente, possuem outra perspectiva sobre trabalho e qualidade de vida.


Ainda segundo o especialista, a expectativa é que o índice de demissões por justa causa tenha uma queda até novembro e volte a subir no período de dezembro a janeiro.


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