A onda de calor que tem afetado todo o Brasil na última semana ainda não aliviou e a questão do uso do ar-condicionado nas corridas de aplicativo voltou à tona.
O Uber me cobrou 20 conto pra ligar o ar condicionado
É mole
— o bom filho a casa torna (@sengra30) February 22, 2024
Desta vez, mais do que nunca, a discussão se faz necessária, já que a sensação térmica atingiu patamares recordes em diversos estados. O caso mais emblemático ocorreu no Rio de Janeiro, onde, durante dois dias consecutivos, ela foi de mais de 60 ºC (com pico de 62,3 ºC).
Desta vez, mais do que nunca, a discussão se faz necessária, já que a sensação térmica atingiu patamares recordes em diversos estados. O caso mais emblemático ocorreu no Rio de Janeiro, onde, durante dois dias consecutivos, ela foi de mais de 60 ºC (com pico de 62,3 ºC).
Há cada vez mais postagens nas redes sociais sobre motoristas de aplicativo que cobram extra dos passageiros que querem viajar com o ar-condicionado ligado. Os valores pedidos pelos motoristas costumam variar entre R$ 1 e R$ 20, a depender do julgamento de cada um.
Pelo amor de uber o motorista me cobrou dez reais só pra ligar o ar, tá um calor de 40graus. Toma no 👌🤬
— Priscilla Andrade (@Priscil31811591) February 7, 2024
A polêmica por trás do assunto é “quente”. Enquanto uns defendem que o passageiro tem direito à climatização sem custos adicionais, outros apontam que isso oneraria ao motorista, já que o equipamento aumenta o consumo.
O que dizem as plataformas e os motoristas
No final do dia, a diferença entre o uso e o não uso do ar-condicionado costuma ser de R$ 15 a R$ 20 para o bolso do motorista. Ainda que alguns possam achar que é pouca coisa, não devemos nos esquecer que a quantia deve ser multiplicada pelo número de dias que o profissional trabalha em um mês. Ao final do período, deixa-se de encher um tanque por completo em até três vezes. Pensa só quantas corridas a mais o motorista faz ou deixa de fazer, considerando essa diferença…
Eduardo Lima, presidente da Amasp (Associação dos Motoristas de Aplicativo de São Paulo).
Eduardo ressalta como, atualmente, as plataformas têm repassado muito pouco para os motoristas. Por esse motivo, ele pede uma colaboração para o passageiro.
“Infelizmente esse é o mecanismo a se recorrer, dadas as tarifas altamente defasadas, já que foram pouco reajustadas, mesmo após várias reivindicações ao longo de vários anos. Todos gostariam de entregar conforto para os seus passageiros, mas as condições não permitem. A não ser em corridas de categorias superiores, nas quais os valores pagos pelos passageiros (e recebidos pelos motoristas) são maiores”, complementa o presidente da Amasp.
O choque que há entre motoristas e plataformas fica mais evidente em cenários adversos, como esse da forte onda de calor. No final, o consumidor fica no meio do caminho, com dúvidas sobre como proceder. Por isso, também é importante ficar de olho no que as plataformas têm a dizer.
Sobre o tema do uso do ar-condicionado durante as viagens, tanto a Uber quanto a 99 afirmam que é proibida a cobrança de qualquer valor adicional dos passageiros em nome das respectivas empresas.
Dizem que isso se configura como violação das regras de segurança do Código da Comunidade (Uber) e dos termos de uso da plataforma (99) e, por isso, quem desrespeitar estará sujeito à desativação da conta.
Além disso, ambas as empresas alertam sobre os riscos de os motoristas saírem prejudicados após receberem avaliações baixas, serem reportados à plataforma, ou até mesmo terem as suas viagens canceladas.
“Diante das recentes ondas de calor, é esperado que o ar-condicionado seja utilizado, como forma de assegurar a saúde e o bem-estar tanto de motoristas parceiros como de seus passageiros”, afirmam.
Viajar sem o ar economiza mesmo?
O compressor, responsável por “empurrar” o gás refrigerante para o interior de um radiador onde o ar é gelado, eleva o consumo por ser acionado pelo motor a combustão. Portanto, quanto menos o compressor trabalhar, menos combustível o motor irá gastar. Isso explica o fato de que o ar-condicionado pode aumentar o consumo em até 10%, principalmente em uso urbano.
Renato Romio, chefe da Divisão de Motores e Veículos do Instituto Mauá de Tecnologia.
Por outro lado, para manter o bom funcionamento e aumentar a vida útil do sistema de climatização, o engenheiro e mentor de engenharia avançada da SAE Brasil, Erwin Franieck, recomenda usá-lo frequentemente. “Evite deixar parado por muito tempo e funcione por, pelo menos, uns cinco ou dez minutos semanalmente”, explica.
O costume de manter o ar-condicionado desligado para preservá-lo é um mito. Isso porque mesmo sem uso, devido à ação do tempo, as juntas de borracha que fazem parte do sistema sofrem ressecamento, o que compromete a vedação – e, por sua vez, provoca os vazamentos, que vão demandar a reposição do gás.
Carro fechado e calor: mistura que pode ser fatal
Uma exposição mais prolongada e desprotegida pode até ser a causa para o desenvolvimento de câncer de pele.
No interior de um automóvel, o cenário pode ser ainda pior quando não se está com o ar-condicionado ligado ou pelo menos as janelas abertas (que, em situações como essas, mal serve para refrescar).
“O calor retido no interior do carro é comparável ao de um forno. Há vários vídeos circulando na internet de chefs que fazem experimentos culinários em carros fechados, estacionados em lugares quentes e ensolarados. Isso porque a estufa no interior do veículo chega a atingir o ponto de cocção dos alimentos (acima dos 75ºC)”, afirma Rodrigo Macêdo, chef culinário e sócio da Montmarttre.
Fonte: UOL