O ex-presidente do Inter, Vitorifo Piffero, e o ex-vice de Finanças, Pedro Affatato, foram condenados a prisão por um esquema de desvio de recursos no clube na gestão 2015-2016. Eles foram julgados na última segunda-feira pela 2ª Vara Estadual de Processo e Julgamento dos Crimes de Organização Criminosa e Lavagem de Dinheiro, em Porto Alegre.
Piffero foi condenado a 10 anos e seis meses de prisão em regime fechado, além de pagamento de multa, pelos crimes de estelionato e organização criminosa. Já Affatato foi condenado a 19 anos e oito meses de prisão em regime fechado e multa pelos crimes de estelionato, organização criminosa e lavagem de dinheiro. Ambos podem recorrer das decisões em liberdade.
Outras três pessoas – um engenheiro do Inter à época, um contador e um empresário do ramo da construção civil – também foram condenadas na mesma sentença. Todos estavam envolvidos em irregularidades na gestão do Inter e terão de ressarcir o clube com todos os valores obtidos indevidamente do clube. O esquema teria desviado mais de R$ 13 milhões dos cofres colorados.
Procurado pelo ge, o advogado de Vitorio Piffero, Nei Breitman, disse que só vai se manifestar após ter acesso à sentença. Já o o advogado de Pedro Affatato, Andrei Zenkner Schmidt, disse que também não tomou conhecimento do teor da sentença, mas que vai recorrer da decisão e que só irá se manifestar nos autos do processo.
Centrada no núcleo de finanças e patrimônio do clube, essa é a primeira sentença proferida pela Justiça desde o início das investigações sobre irregularidades no Inter durante a gestão Piffero. Outros núcleos, como o do futebol, também são alvos de investigações em processos que ainda tramitam na Justiça gaúcha.
De acordo com as investigações, as irregularidades englobam desvio de recursos para obras que nunca foram realizadas, superfaturamento de gastos, como a compra de passagens aéreas, e pagamento de propina na contratação de jogadores, além de acordos trabalhistas com jogadores prejudiciais ao clube em favorecimento de terceiros.
Entenda o caso
As investigações sobre as suspeitas de irregularidades no Inter começaram em 2017, no ano seguinte ao rebaixamento do clube para a Série B. Em abril daquele ano, o Conselho Fiscal do clube emitiu parecer recomendando ao Conselho Deliberativo a reprovação das contas da gestão Piffero.
Em decisão inédita, o Conselho do clube acolheu o parecer e reprovou as contas do clube, pela primeira vez na história. Na ocasião, o presidente do Conselho Fiscal Geraldo Costa da Camino pediu abertura de sindicância para apurar “graves falhas de controles internos” apontadas por uma auditoria externa contratada pelo clube.
Em setembro do mesmo ano, um relatório sobre as finanças do Inter detectou uma “inconsistência” de R$ 9 milhões em contratos não realizados com cinco empresas do ramo de construção civil. O documento apontava o pagamento suspeitos para obras que não haviam sido realizadas. Os conselheiros criaram uma comissão especial para investigar os gastos na gestão anterior.
Mais de um ano depois, em decisão considerada histórica, o Conselho Deliberativo do Inter votou pela inelegibilidade de Piffero e outros três ex-dirigentes por 10 anos. O ex-presidente, o ex-vice de Finanças, Pedro Affatato; o ex-vice de Patrimônio, Emídio Ferreira; e o ex-vice de Administração, Alexandre Limeira, foram considerados culpados por gestão irregular e temerária no biênio 2015/2016.
Em dezembro de 2018, o Ministério Público deflagrou a “Operação Rebote” e cumpriu mandados de busca e apreensão contra ex-dirigentes da gestão Piffero. Foram apreendidos documentos e outras informações que resultaram nas denúncias feitas pelo Ministério Público. Os acusados viraram réus em novembro de 2019.
Por ge