O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sinalizou ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da autonomia financeira e operacional do órgão não tira o poder do governo, apurou a CNN.
A maior preocupação da equipe econômica é se a PEC vai mexer nas atribuições do Conselho Monetário Nacional (CMN), órgão que define a meta de inflação a ser perseguida pelo Banco Central. O CMN é composto pelos ministros da Fazenda, do Planejamento e pelo presidente do BC.
Conforme apurou a CNN com pessoas próximas, Campos Neto disse a Haddad que o texto da PEC não inclui mudanças no CMN e que isso deve ser mantido pelos senadores.
Os relatos de pessoas ligadas a Campos Neto é que ele saiu animado da conversa, que ocorreu na última sexta-feira e foi revelada pelo jornal Folha de S. Paulo.
Aliados de Haddad negam que a PEC de autonomia do BC tenha sido discutida na reunião. Eles afirmam que o ministro acha a discussão precipitada e que a percepção é que Campos Neto quer deixar um legado e tenta amarrar a discussão no Congresso.
O senador Plínio Valério, relator da PEC, disse à CNN que já ouviu os funcionários e diretores do BC, e que agora pretende conversar com o líder do governo no Senado, o senador Jaques Wagner, além de procurar o presidente da casa, senador Rodrigo Pacheco.
Pessoas próximas a Pacheco afirmam que esse é um assunto está ligado à política econômica, uma atribuição do Executivo, e que, por isso, não vai ser tratado de forma “açodada”.
No caso dos funcionários, a maior preocupação é garantir a estabilidade, o que deve ser garantido. Valério pretende apresentar seu relatório até o mês de junho, antes do recesso. Procurados, Haddad e Campos Neto não quiseram comentar.