O Internacional anunciou que uma mulher vai interpretar o mascote Saci na partida contra o São Luiz de Ijuí, neste sábado (9), no Estádio Beira-Rio, em Porto Alegre. A medida ocorre em meio a investigações da polícia contra o homem que atuava como o personagem, suspeito de importunação sexual em pelo menos dois casos (entenda mais abaixo).
Segundo o clube, uma estudante de direito de 33 anos vai assumir o papel durante a partida. O nome dela não foi divulgado pelo Internacional.
“Sou torcedora fanática. Sempre saio sem voz do estádio e com os braços doendo de tanto torcer. Mas, ser o Saci é mais do que ser eu. É representar a torcida toda”, disse.
De acordo com o Internacional, esta não será a primeira vez que a mulher vai interpretar o mascote. Em 2022, ela já participou de ações do clube usando a fantasia.
O Sport Club Internacional afirma que a inciativa faz parte de ações do Dia Internacional da Mulher.
“Não queremos simplesmente vincular a participação dela como uma forma de celebração à data. É mais do que isso. É abrir novas possibilidades para que colorados e coloradas se acostumem a ver uma figura diferente desempenhando o papel deste que é um símbolo da história do Inter”, afirmou Letícia Vieira de Jesus, vice-presidente de Relacionamento Social do clube.
Investigação policial
A Polícia Civil apura ao menos dois casos de importunação sexual envolvendo o mascote. O nome do homem que interpretava o mascote não foi divulgado pela investigação. O funcionário do clube foi afastado das funções até a conclusão do inquérito.
O primeiro caso foi denunciado à polícia pela jornalista Gisele Kümpel. Ela conta que foi beijada e abraçada sem consentimento pelo homem no Grenal de 25 de fevereiro.
“Eu estava relatando o lance para o canal e ele vem e me abraça de lado. Fecha os dois braços em mim e fica alguns segundos. Não foi um tapinha nas costas. E ele, com a máscara, vem para me dar um beijo. Senti o suor dele em mim e o barulho do beijo”, disse.
Gisele obteve, na Justiça, uma medida protetiva contra o investigado. Ele está impedido de se aproximar da repórter e, caso descumpra a medida protetiva, poderá ser preso.
O segundo caso foi relatado por uma torcedora do Inter à Polícia e também teria ocorrido durante o Grenal. De acordo com a delegada Cristiane Ramos, diretora da Divisão de Proteção à Mulher (DIPAM), a torcedora teria sido tocada na cintura, nos braços e nos seios pelo homem ao pedir uma foto.
“Momento em que ele disse uma frase com conotação sexual, afirmando que com ela ‘se sentia um adolescente na puberdade'”, relatou a delegada.
Como os dois episódios teriam ocorrido no mesmo local e na mesma data, a polícia os investiga em um mesmo inquérito. O homem já foi ouvido duas vezes pela delegacia que apura o caso.