O Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJ-DFT) tentou intimar, sem sucesso, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro em uma ação movida pela filha da falecida atriz Leila Diniz pelo suposto uso indevido que Michelle fez de imagem da mãe.
Expedida em 15 de janeiro, a intimação foi devolvida dez dias depois, na última quinta-feira, 25, porque Michelle não foi encontrada para receber o documento em um de seus endereços, em Brasília.
A audiência está marcada para o próximo dia 21, às 14h, no Rio de Janeiro, onde o processo originalmente é movido. Na ação, a diretora e roteirista Janaina Diniz Guerra, filha da atriz, alega que Michelle usou indevidamente a imagem de Leila, falecida em 1972 em um acidente aéreo, em uma postagem nas redes sociais do PL Mulher, segmento do Partido Liberal (PL) presidido pela ex-primeira-dama.
A publicação, de fevereiro de 2023, celebrava a conquista do voto feminino usando a imagem de Leila Diniz e outras atrizes em um protesto em 1968, durante a ditadura militar. Segundo os autos, o rosto de Michelle aparece em uma montagem com a fotografia, que além de Leila, mostra as atrizes Eva Todor, Tônia Carrero, Eva Wilma, Odete Lara e Norma Bengell de mãos dadas. A postagem não está mais disponível na conta do Instagram do PL Mulher.
A foto original foi feita em uma marcha de artistas no Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro, contra cortes e proibições de peças de teatro feitas pela ditadura, no ato que ficou conhecido como “Passeata dos Cem Mil”. A ação indenizatória pede R$ 52,8 mil, o limite máximo do juizado especial cível, pelo que considera ser uma violação ao direito de imagem e honra de sua mãe, a remoção do post e a retratação do PL Mulher.
A filha de Leila também move um processo, no mesmo valor, contra a atriz e ex-secretária especial de Cultura do governo de Jair Bolsonaro (PL), Regina Duarte, por utilizar a mesma foto, mas em outro contexto. Em publicação que segue no perfil do Instagram de Regina, a ex-secretária distorce os fatos e apresenta a foto em meio a frases como “as mulheres nas ruas pediam o restabelecimento da ordem” e “1964 foi uma exigência da sociedade”, em um vídeo que defende o regime militar.
A reportagem acionou a defesa da ex-primeira-dama para em busca de comentários sobre a tentativa de intimação. Ainda não houve resposta.