Israel voltou a cobrar, nesta terça-feira (20), uma retratação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por sua última declaração a respeito da guerra na Faixa de Gaza.
“Milhões de judeus em todo o mundo estão à espera do seu pedido de desculpas. Como ousa comparar Israel a Hitler? É necessário lembrar ao senhor o que Hitler fez?”, escreveu o ministro de Relações Exteriores israelense, Israel Katz, no X (antigo Twitter).
Presidente do Brasil @LulaOficial,
Milhões de judeus em todo o mundo estão à espera do seu pedido de desculpas. Como ousa comparar Israel a Hitler?
É necessário lembrar ao senhor o que Hitler fez? Levou milhões de pessoas para guetos, roubou suas propriedades, as usou como…
— ישראל כ”ץ Israel Katz (@Israel_katz) February 20, 2024
“Que vergonha. Sua comparação é promíscua, delirante. Vergonha para o Brasil e um cuspe no rosto dos judeus brasileiros”, continua o ministro na mensagem.
“Ainda não é tarde para aprender História e pedir desculpas. Até então – continuará sendo persona non grata em Israel!”, concluiu Katz.
A CNN procurou o Itamaraty para comentar essa manifestação do chanceler israelense, e aguarda retorno.
A declaração de Katz é o último capítulo da crise diplomática instaurada entre os países após a coletiva de imprensa de Lula, no último domingo (18), que encerrou sua viagem à África.
Questionado pelos repórteres, o presidente disse que Israel comete um genocídio contra os palestinos em Gaza e comparou a ofensiva à matança de judeus na Alemanha nazista de Adolf Hitler.
A linha do tempo da crise diplomática entre Brasil e Israel
Domingo (18)
Lula diz que Exército israelense comete genocídio contra os palestinos e faz comparação ao Holocausto
Netanyahu diz que Lula deveria ter “vergonha de si” e presidente “cruzou linha vermelha” com comparação
Segunda (19)
Chanceler israelense leva embaixador brasileiro em Tel Aviv para reunião no Museu do Holocausto, em Jerusalém, diante da imprensa
Ao final da reunião, Israel anuncia à imprensa que Lula é “persona non grata” até se retratar por declaração
Ainda na segunda (19), o assessor especial de assuntos internacionais da Presidência, Celso Amorim, diz à CNN que Lula não vai se desculpar.
No mesmo dia, já de volta ao Brasil, Lula reuniu Amorim e outros ministros palacianos no Palácio do Alvorada para discutir a crise diplomática e os próximos passos do Brasil.
Com o tamanho da repercussão da declaração do presidente sobre o Holocausto, deputados federais da oposição começaram a esquematizar um pedido de impeachment de Lula. Já os parlamentares da base defenderam e minimizaram o impacto da fala.
Durante a tarde, a primeira-dama, Janja, publicou nas redes sociais que a fala de Lula “se referiu ao governo genocida e não ao povo judeu. Sejamos honestos nas análises”.
Após a reunião no Alvorada, o governo brasileiro decidiu chamar de volta ao país o embaixador brasileiro em Tel Aviv, Frederico Meyer.
Já durante à noite de segunda (19), foi confirmado que o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, se reuniu, à tarde, por aproximadamente meia hora, com o embaixador israelense no Brasil, Daniel Zonshine, em que demonstrou “surpresa e desconforto” com a postura do governo israelense.
De acordo com as fontes, Vieira usou um tom cordial, mas firme, em defesa do posicionamento adotado pelo Brasil.
Terça-feira (20)
Nesta terça-feira (20), o embaixador Frederico Meyer embarcou em Tel Aviv para retornar ao Brasil após decisão do governo Lula.
Até às 11h desta terça, 113 deputados haviam assinado o pedido de abertura de um processo de impeachment de Lula.
Por volta de meio-dia, o chanceler israelense Israel Katz fez o novo pedido de retratação do presidente através de suas redes sociais.